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"A alma que não se abate, que recebe indiferentemente tanto a tristeza como a alegria, vive na vida imortal."Fonte - Bhagavad-Gita

domingo, 5 de novembro de 2017

Raja Yoga


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Raja-yoga é o caminho real da meditação. Assim como um rei controla o seu reino, podemos nós também manter controle sobre o nosso “reino” – o vasto território da mente. 

Na raja-yoga, usamos nossos poderes mentais para realizar e conhecer o Atman, por meio de um processo de controle psicológico.
A premissa básica da raja-yoga é que a nossa percepção direta do Ser está obscurecida pelas perturbações mentais. Se a mente puder ser mantida em estado calmo e puro, o Ser brilhará automaticamente, instantaneamente. Como diz o Bhagavad Gita:
Quando, por meio da prática da yoga,
A mente cessar os seus movimentos inquietos
E tornar-se calma
O aspirante espiritual realizará o Atman.

Se pudermos imaginar um lago açoitado pelas ondas, contaminado pela poluição, tornado lamacento pelos turistas e turbulento pelos barcos, poderemos entender qual é o estado usual da mente, na maioria das pessoas.

Se alguém tiver dúvida disso, que essa alma intrépida sente-se calmamente por alguns minutos e pense sobre o Atman. O que acontecerá? Milhares de pensamentos diferentes nos atacam, todos eles levando a mente para baixo. 

A mosca que voa nas redondezas torna-se repentinamente muito importante. Talvez surja o pensamento sobre o jantar. Não nos lembramos onde deixamos as chaves. A discussão fervorosa que tivemos ontem torna-se ainda mais poderosa; assim é o repertório que compusemos durante a nossa “meditação”. 

No mesmo momento em que deixamos um pensamento, outro pula sobre nós com a mesma força. Se não fosse tão trágico, seria até engraçado.

Na maior parte do tempo, não estamos conscientes dos movimentos mentais erráticos, pois estamos habituados a “soltar as rédeas” de nossa mente: nunca nos preocupamos em observá-la, muito menos em controlá-la. 

Da mesma maneira que pais indisciplinados criam filhos cuja companhia todos evitam; da mesma forma, nossa falta de disciplina mental criou uma mente turbulenta, má-comportada e que nos traz dificuldades sem fim. 

Sem a disciplina psicológica, a mente torna-se igual a um macaco selvagem. E todos nós, é triste afirmar, já sofremos na vida muita agonia mental por causa disso.

Enquanto podemos ter nos acostumado a viver com uma mente descontrolada, nunca devemos assumir que esse estado é aceitável, nem inevitável. A Vedanta diz que podemos controlar a mente, e que, pela prática constante, podemos torná-la nossa serva em vez de sermos suas vítimas.

Agora, ao invés do lago poluído que imaginamos anteriormente, pense em um lago bonito e límpido. Nenhuma onda, nem poluição, nem turistas, nem barcos. Ele está transparente como um vidro: calmo, quieto, tranquilo. Olhando para o fundo, através das águas cristalinas, podemos ver claramente o fundo do lago. 

O fundo do lago, metaforicamente falando, é o Atman que reside no fundo dos nossos corações. Quando a mente torna-se pura e calma, o Ser não permanece escondido de nossa vista. E a Vedanta diz que essa mente pode ser sua.

Mas como? Citemos novamente do Bhagavad Gita:
Pacientemente, pouco a pouco, os aspirantes espirituais devem se libertar de todas as distrações mentais, com a ajuda da vontade inteligente. Devem fixar suas mentes no Atman e não pensar em mais nada. Não importa por onde anda a mente inquieta, ela deve ser trazida de volta e submetida somente ao Atman.

A mente pode ser purificada e tranquilizada por meio da prática repetida de meditação, e da prática das virtudes morais.

Deixando de lado a sabedoria popular, é impossível praticar meditação sem praticar virtudes morais, lado a lado. Tentar de outra forma será tão efetivo quanto navegar no oceano com um barco de casco furado.

Para realizar essa tarefa hercúlea de conhecer o Atman, todas as áreas mentais devem ser totalmente engajadas. Não podemos compartimentar nossas vidas e assumir que podemos ter ambos: uma área “secular” (na qual podemos viver como desejamos), e uma área “espiritual”. Assim como não podemos cruzar o oceano com o barco de casco furado, não podemos cruzar o mesmo oceano com as duas pernas em dois barcos diferentes. Devemos integrar completamente todos os aspectos da vida e direcionar todas as energias para a grande meta, que é única.

Isso não significa que, para realizar Deus, a pessoa deva renunciar o mundo completamente e viver numa caverna, num mosteiro ou num convento. O que realmente importa é que todos os aspectos de nossas vidas sejam espiritualizados, de forma a poderem ser direcionados na obtenção da meta espiritual, que é a realização de Deus.

Uma vez que a raja-yoga é o caminho da meditação, ela é – quando praticada exclusivamente – seguida por aqueles que levam vidas contemplativas. A maioria de nós nunca se enquadrará nessa categoria. 

A raja-yoga é, entretanto, um componente essencial de todos os outros caminhos espirituais, pois a meditação está incluída na absorção de amor por Deus, no discernimento da razão, e é parte essencial para balancear as ações abnegadas.

Um mestre espiritual genuíno acende a chama da espiritualidade contida no estudante, pelo poder de suas próprias realizações interiores. Diríamos que a vela do estudante é acesa pela chama do mestre. Nossas velas não podem ser acesas por livros, assim como também não podem ser acesas por mestres desqualificados, que falam de religião mas não vivem o que pregam. 

Levando tudo isso em conta, algumas instruções básicas podem ser dadas: qualquer conceito de Deus – seja com forma ou sem forma – que nos agrada é bom e útil. Podemos pensar que Deus existe tanto fora quanto dentro de nós. 

Sri Ramakrishna, no entanto, recomendou que meditássemos em nosso interior, dizendo: “O coração é um lugar esplêndido para se meditar”. A repetição de qualquer nome de Deus que nos agrade é boa, assim como é benéfica a repetição da sílaba “Om”. É muito bom e aconselhável ter um período regular e diário para meditação, de forma a criar o hábito; na mesma linha, é uma grande ajuda à meditação ter um lugar constante para as práticas, que seja calmo, limpo e tranquilo. 
https://www.vedanta.org.br/yoga


Namastê
Lu Perez

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