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"A alma que não se abate, que recebe indiferentemente tanto a tristeza como a alegria, vive na vida imortal."Fonte - Bhagavad-Gita

sábado, 21 de outubro de 2017

Bhakti-yoga - O caminho do Amor (Ramakrishna Vedanta)



Bhakti-yoga

Para  pessoas mais emocionais que intelectuais recomenda-se a bhakti-yoga. Esse é o caminho da devoção, o método de alcançar Deus por meio do amor e da carinhosa lembrança de Deus. A  maior parte das religiões enfatiza esse caminho espiritual, porque é o mais natural. Como as outras yogas, a meta do bhakta, ou devoto de Deus, é  alcançar a realização de Deus – a unidade com o Divino.  O bhakta consegue isso por meio da força do amor, aquela que entre as emoções é a mais poderosa e irresistível.  O amor é acessível a todos: todos nós amamos alguém ou alguma coisa, frequentemente com grande intensidade. O amor nos faz esquecer de nós mesmos, sendo toda nossa atenção devotada ao objeto da nossa adoração. O ego afrouxa sua pressão quando pensamos no bem-estar do nosso amado mais que no nosso próprio bem estar. O amor  nos dá concentração: mesmo contra a nossa vontade; constantemente nos lembramos do objeto do nosso amor. De forma fácil e totalmente indolor, o amor cria as pré-condições necessárias para uma frutífera vida espiritual.
A Vedanta  então diz:  não desperdice o poder do amor. Use essa poderosa força para a realização de Deus. Devemos nos lembrar que quando amamos  outra pessoa realmente respondemos – embora inconscientemente –  à divindade que está no interior dele/a.  Quando lemos nos Upanishads: “Não é  por causa do marido que  ele  é amado, mas pelo Ser.  Não é por causa  da esposa que a esposa é  amada, mas por causa do Ser.” Nosso amor pelos outros torna-se inegoísta  e sem motivação quando somos capazes de encontrar neles a divindade.
Infelizmente, muitas vezes dispomos mal do nosso amor. Projetamos nossa visão daquilo que é verdadeiro, perfeito e  bonito, e a sobrepomos sobre a  coisa ou a pessoa que amamos.  Contudo,  somente Deus  é Verdadeiro, Perfeito e a própria Beleza. A Vedanta então diz:   Coloque  ênfase novamente onde ela  deve ser colocada – no Ser divino que está  no interior de cada pessoa que encontramos. Esse é o verdadeiro objeto do nosso amor.
Antes de ficar obcecado por um ser humano limitado, devemos pensar em Deus com o coração saudoso. Muitos mestres espirituais recomendaram adotar uma particular atitude  de devoção para com Deus: pensar Nele como seu mestre, pai, mãe, amigo, filho ou bem-amado. O fator determinante é saber qual atitude é mais natural para nós,  e qual  atitude  nos aproxima de Deus.
Jesus  via Deus como seu Pai no Céu. Ramakrishna adorava-O como Mãe. Muitos grandes santos atingiram a perfeição adorando a Divindade como menino Jesus ou menino Krishna, como seu bem-amado. Outros alcançaram a perfeição adorando Deus como seu mestre ou amigo.
O ponto principal a ser lembrado é que Deus nos pertence: Ele é o mais próximo dos próximos, o mais querido dos queridos. Quanto mais nossas mentes são absorvidas em  pensamentos sobre Ele, mais perto estaremos de alcançar a meta da vida humana, a realização de Deus.
Muitos são levados a adorar Deus pelo amor e pela devoção. Já outros aspirantes espirituais, porém, são motivados mais pela razão que pelo amor; para eles, a bhakti-yoga “descasca a cortiça” de uma errônea árvore espiritual. Aqueles que são dotados de um intelecto poderoso e possuem capacidade aguçada de discernimento podem se adequar melhor no caminho da jñana yoga, lutando pela perfeição  por meio do  poder da razão.