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"A alma que não se abate, que recebe indiferentemente tanto a tristeza como a alegria, vive na vida imortal."Fonte - Bhagavad-Gita

quarta-feira, 20 de junho de 2018

AS SETE LEIS ESPIRITUAIS DO SUCESSO



1 - Lei da Potencialidade
A lei da potencialidade pura A fonte de toda a criação é a conscientização pura... a potencialidade pura que busca expressar-se do não manifesto ao manifesto... E quando descobrimos que nosso verdadeiro Eu é potencialidade pura, alinhamo-nos à força que coordena tudo no universo. No princípio Não havia existência ou inexistência O mundo era energia não revelada... ELE vivia, sem viver, por SEU próprio poder E nada mais havia... Hino da Criação, do Rig Veda.

Aplicação da Lei da Potencialidade Pura: Você pode colocar a lei da potencialidade pura em ação assumindo o compromisso de dar os seguintes passos: 1) Entrar em contato com o campo da potencialidade pura, reservando um momento do dia para ficar em silêncio, para apenas ser. Ficar sozinho em meditação silenciosa pelo menos duas vezes ao dia por, aproximadamente, trinta minutos pela manhã e trinta minutos à noite. 2) Reservar um período do dia para comungar com a natureza e observar em silêncio a inteligência que há em todas as coisas vivas. Ficar em silêncio e assistir ao pôr-do-sol, ouvir o ruído do oceano ou de um rio, ou simplesmente sentir o perfume de uma flor. No êxtase do silêncio, e em comunhão com a natureza, desfrutar a pulsação vital das eras, o campo da potencialidade pura e da criatividade ilimitada. 3) Praticar o não-julgamento. Começar o dia dizendo: "hoje, não julgarei nada que aconteça" e durante todo o dia lembrar de não fazer julgamentos.



2 A Lei da Doação/Dádiva 
O universo opera através de trocas dinâmicas... dar e receber são diferentes aspectos do fluxo da energia universal. Em nossa própria capacidade de dar tudo aquilo que almejamos encontra-se a chave para atrair a abundância do universo - o fluxo da energia universal - para a nossa vida. Este frágil vaso que esvaziais dia após dia e que sempre preencheis com vida renovada. Esta pequena flauta de bambu que carregais pelas colinas e vales e de onde tirais melodias eternamente novas... Vossas infinitas dádivas caem sobre essas mãos tão pequenas que possuo. As eras passam e continuais derramando, pois ainda há o que ser preenchido. Rabindranath Tagore, Gitanjali


Aplicação da Lei da Doação: Você pode colocar a lei da doação em movimento assumindo o compromisso de dar os seguintes passos: 1) Dar um presente em todo lugar que for, a todos que encontrar. Esse presente poderá ser um cumprimento, uma flor, uma oração. Oferecer, diariamente, alguma coisa a todas as pessoas com as quais entrar em contato. Estará, assim, desencadeando o processo de circulação de energia - de alegria, de riquezas, de abundância - na sua vida e na de outras pessoas. 2) Receber agradecido, diariamente, todas as dádivas que a vida oferece: a luz do sol, o canto dos pássaros, as flores, a neve do inverno. E estar aberto para receber dos outros, seja um presente material, seja dinheiro, seja um cumprimento, seja uma oração. 3) Assumir o compromisso de manter a riqueza circulando em sua vida, dando e recebendo os mais preciosos presentes: carinho, afeição, apreço, amor. Desejar, em silêncio, felicidade e muita alegria toda vez que encontrar alguém.


3 A Lei do Carma ou de Causa e Efeito
Toda ação gera uma força energética que retorna a nós da mesma forma... O que semeamos é o que colhemos. E quando escolhemos ações que levam felicidade e sucesso aos outros, o fruto de nosso carma é a felicidade e o sucesso. Carma é a eterna afirmação da liberdade humana... Nossos pensamentos, nossas palavras, nossos atos, são fios de uma rede que tecemos ao redor de nós mesmos. Swami Vivekananda


Aplicação da lei carma ou de causa e efeito: Você pode colocar a lei do carma ou de causa e efeito em ação assumindo o compromisso de dar os seguintes passos: 1) Observar as escolhas que vai fazer hoje a todo momento. E na observação dessas escolhas, trazê-las para a percepção consciente. Ter bem claro que a melhor maneira de se preparar para todos os momen-tos do futuro é estar plenamente consciente do pre-sente. 2) Toda vez que for fazer uma escolha, pergunte: "quais serão as conseqüências desta escolha?"; "esta escolha trará satisfação e felicidade a mim e aos outros que serão afetados por ela?" 3) Pedir, então, orientação ao coração e seguir a mensagem enviada por ele de conforto ou desconforto. Se a escolha for de conforto, entregar-se total-mente a ela. Se a escolha for de desconforto, parar para ver as conseqüências daquele ato com sua visão interior. Essa orientação permitirá fazer escolhas corretas espontâneas tanto para você quanto para os que o circundam. 


4 A Lei do Mínimo Esforço 
A inteligência da natureza opera pela lei do mínimo esforço... sem ansiedade, com harmonia e amor.  E quando utilizamos as forças da harmonia, da alegria, do amor, atraímos sucesso e boa sorte facilmente. O ser integral conhece sem ir, vê sem olhar e realiza sem fazer. Lao Tzu

Aplicação da lei do mínimo esforço Você pode colocar a lei do mínimo esforço em ação assumindo o compromisso de dar os seguintes passos: 1) Praticar a aceitação, dizendo: "hoje aceitarei pessoas, situações, circunstâncias, fatos como eles se manifestarem". Saber que o momento é como deve ser, porque todo o universo é assim. Não se voltar contra todo o universo, lutando contra o momento presente. Dizer a si mesmo: "minha aceitação será total e completa; verei as coisas como são no momento em que ocorrerem e não como eu gostaria que fossem". 2) Aceitando as coisas como são, assumir a responsabi-lidade pela sua situação e todos os fatos que considera problemáticos. Ter bem claro que assumir a responsa-bilidade é não culpar alguém, ou alguma coisa, pela sua situação. Saber, também, que todo problema traz em si uma oportunidade e que a consciência das oportunidades vai permitir olhar para o momento problemático e transformá-lo em imenso benefício. 3) Assentar sua percepção, hoje, na indefensibilidade. De-sistir da necessidade de defender seus pontos de vista e de convencer e persuadir os outros a aceitá-los. Permanecer aberto a todos os pontos de vista e não se prender a nenhum deles.


5 A Lei da Intenção e do Desejo 
É inerente a toda intenção e a todo desejo o mecanismo da sua realização... a intenção e o desejo tem, no campo da potencialidade pura, o poder da organização infinita. E quando introduzimos uma intenção no campo fértil da potencialidade pura, colocamos essa infinita organização a nosso serviço. No princípio havia o desejo, a primeira semente da mente. Os sábios, meditando em silêncio, descobriram em sua sabedoria a ligação entre o existente e o não existente.
Hino da criação, do Rig Veda


Aplicação da lei da intenção e do desejo Você pode colocar a lei da intenção e do desejo em ação assumindo o compromisso de dar os seguintes passos: 1) Fazer uma lista de todos os seus desejos. Carregar essa lista para todos os lugares. Olhar para ela antes de entrar em silêncio e meditação. Olhar antes de adormecer à noite. Olhar quando acordar pela manhã. 2) Liberar a lista de seus desejos e a soltar no ventre da criação. Confiar. Se as coisas não saírem como deseja, há uma razão para isso. O plano cósmico com certeza terá desígnios maiores para você do que os que possa conceber. 3) Lembrar de praticar a consciência do momento presente em todas as ações. Não permitir que os obstáculos consumam e dissipem a qualidade da atenção no momento presente. Aceitando o presente como ele é, o futuro se manifestará nas intenções e nos desejos mais caros e profundos.


6 A Lei do Distanciamento
 No distanciamento está a sabedoria da incerteza... na sabedoria da incerteza está a libertação do passado, do conhecido, que é a prisão dos velhos condicionamentos. E na mera disponibilidade para o desconhecido, para o campo de todas as possibilidades, rendemo-nos à mente criativa que rege o universo. Como dois pássaros dourados pousados no mesmo galho, intimamente amigos, o ego e o Eu habitam o mesmo corpo. O primeiro ingere os frutos doces e azedos da árvore da vida; o segundo tudo vê em seus distanciamento. Mundaka Upanishad

Aplicação da lei do distanciamento:  Você pode colocar a lei do distanciamento em ação assumindo o compromisso de dar os seguintes passos: 1) Comprometer-se, hoje, com o distanciamento. Dar a si próprio e aos outros a liberdade de ser o que é. Evitar a imposição rígida de suas idéias sobre como as coisas devem ser. Não forçar soluções de problemas, criando assim novos problemas. Participar de tudo, mas com envolvimento distanciado. 2) Transformar a incerteza em um ingrediente essencial da própria experiência. Na disponibilidade para aceitar a incerteza, as soluções emergirão espontaneamente do próprio problema, da própria confusão, da desordem, do caos. Quanto mais incertas forem as coisas, mais seguro deverá se sentir, porque a incerteza é o caminho da liberdade. Através da sabedoria da incerteza encontrará segurança. 3) Entrar no campo de todas as possibilidades e antecipar a excitação que pode ocorrer quando se está aberto a uma infinidade de escolhas. Quando entrar no campo de todas as possibilidades, experimentará toda a diversão, toda a magia, todo o mistério, toda a aventura da vida.


7 A Lei do Darma ou do Propósito de Vida 
Todos têm um propósito de vida...um dom singular ou um talento único para dar aos outros. E quando misturamos esse talento singular com benefícios aos outros, experimentamos o êxtase da exultação de nosso próprio espírito - entre todos, o supremo objetivo. Quando você está trabalhando, o passar das horas deve soar como música extraída de uma flauta. ...E o que é trabalhar com amor! É como tecer uma roupa com fios que vem do coração como se fosse o seu bem-amado a usá-la... Kalil Gibran O profeta


Aplicação da lei do darma ou do propósito de vida:  Você pode colocar a lei do darma em ação assumindo o compromisso de dar os seguintes passos: 1) Nutrir amavelmente, hoje, a divindade que habita em você, no fundo de sua alma. Prestar atenção ao seu espírito, que anima seu corpo e sua mente. Despertar desse profundo sono dentro de seu coração. Carregar consigo a consciência da atemporalidade, do ser eterno, em todas as experiências limitadas pelo tempo. 2) Fazer uma lista de seus talentos únicos. Depois, outra lista das coisas que adora fazer quando está expressando esses talentos. Diga, então: "quando eu os expresso e os ponho a serviço da humanidade, perco a noção do tempo e crio abundância em minha vida, bem como na vida de outros". 3) Perguntar a si mesmo diariamente: "como posso servir!" e "como posso ajudar?" As respostas a essas perguntas permitirão ajudar e servir a seus semelhantes, com amor.

Conclusão 
Quero conhecer os pensamentos de Deus... O resto é detalhe. Albert Einstein 

http://alma.indika.cc/wp-content/uploads/2014/12/As-Sete-Leis-Espirituais-de-Sucesso-Deepak-Chopra.pdf



segunda-feira, 11 de junho de 2018

Yoga Sutra - Clareando a Mente

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Preparação para práticas sutis: É necessário estabilizar e clarear a mente antes de sermos capazes de experimentar as meditações sutis ou o samadhi (1.40-1.51, 2.12-2.25, 3.4-3.6).

 É necessário o treino generalizado em concentração correta (ekagrata) para avançar nas práticas de meditação. Os métodos específicos sugeridos nestes sutras estão relacionados com a remoção dos obstáculos pelo uso da concentração correta, como sugerido em sutras anteriores (1.30-1.32). Abaixo estão as sugestões dos sutras 1.33-1.39:  

  • Quatro atitudes para com as pessoas: O primeiro método trata da meditação em quatro tipos de atitudes para com as pessoas: amizade ou amabilidade, compaixão ou apoio, felicidade ou boa vontade, e neutralidade ou aceitação (1.33).
  • Cinco sugestões para focar: São apresentadas cinco sugestões específicas de objetos para focar a atenção: a respiração, a sensação, a luminosidade interior, a contemplação de uma mente estável, os fluxos da mente (1.34-1.38).
  • Não importa qual sugestão seja a escolhida: Finalmente, devemos praticar a concentração correta com alguma coisa que consideremos agradável e útil (1.39).

Não pule o básico: É tentador pular este treinamento básico da mente, mas é um erro grave para um estudante de meditação, e pode como resultado tornar a meditação apenas uma luta com a própria mente.
Poucos irão além disto: Muitas escolas de meditação enfatizam somente um método, como a meditação na gentileza (1.33), na respiração (1.34), ou em outro objeto (1.39), falhando em perceber que, embora extremamente úteis, estes métodos são apenas práticas preparatórias para as meditações mais sutis e para o samadhi, como descrito nos próximos capítulos do Yoga Sutras. A maioria das pessoas irá se contentar com os benefícios da tranquilidade gerada pela preparação para a meditação, e não irão buscar as meditações sutis que conduzem para a Auto-realização.

Estabilização versus conhecimento discriminativo: É muito importante perceber que estas contemplações são usadas para estabilizar e clarear a mente. Práticas futuras serão usadas para o conhecimento discriminativo (2.26-2.29, 3.4-3.6).   Por exemplo, se estamos contemplando a amizade (1.33), não estamos fazendo isto para discriminar que ela faz parte de avidya ou ignorância (2.5) e, assim, deixá-la de lado. Em práticas futuras, estaremos discriminando e colocando de lado (3.4-3.6) o que é decorrente de avidya ou ignorância (2.5).
Prática de Meditação: Existe uma prática de meditação descrita no artigo Bindu, que descreve as nove práticas esboçadas no Yoga Sutras 1.33-1.39: Meditation Practice from Bindu article 
1.33 Nos relacionamentos, a mente se torna purificada pelo cultivo de sentimentos de amizade para com aqueles que são felizes, compaixão para com aqueles que estão sofrendo, boa vontade para com aqueles que são virtuosos e indiferença ou neutralidade para com aqueles que percebemos como mal intencionados ou maus.

(maitri karuna mudita upekshanam sukha duhka punya 
apunya vishayanam bhavanatah chitta prasadanam)


  • maitri = amizade, prazeroso, amoroso
  • karuna = compaixão, piedade
  • mudita = satisfação, boa vontade
  • upekshanam = aceitação, equanimidade, indiferença, neutralidade
  • sukha = feliz, confortável, jubiloso
  • duhka = dor, miséria, sofrimento, pesar
  • punya = virtuoso, meritório, benevolente  
  • apunya = não virtuoso, contrário, mau, mal intencionado, demérito, não meritório  
  • vishayanam = em relação a estes objetos
  • bhavanatah = cultivar hábitos, reflexão constante, desenvolver atitude, cultivar, enfatizar para si mesmo
  • chitta = campo da mente, consciência
  • prasadanam = purificado, claro, sereno, agradável, pacificado, imperturbável, pacífico, calmo
Cada atitude é um tipo de meditação: Cada uma destas atitudes (amizade, compaixão, boa vontade e neutralidade) é, de certo modo, uma meditação. Na verdade, estas são práticas preparatórias, mas se tornou popular usar a palavra meditação em um sentido muito abrangente, e não como o estado específico de dhyana (3.2), sentido normalmente usado pelos yogis. Algumas escolas de meditação baseiam toda sua abordagem em uma ou mais destas quatro atitudes. Entretanto, para o buscador da realidade absoluta (1.3), estas práticas são passos valiosos ao longo da jornada, mas não um fim em si mesmas.
Ficando livre da negatividade para com outras pessoas: Nos sutras 2.33-2.34, é colocada a questão do que fazer quando alguém não age ou pensa de acordo com os valores yogicos, como a não violência, mas possuem emoções negativas. O que alguém deve fazer com padrões fortes de pensamento negativo? A sugestão apresentada nos sutras 2.33-2.34 é que cultivemos uma atitude oposta ao lembrarmos a nós mesmos (pelo diálogo interno), que manter estas atitudes negativas irá trazer somente dor e miséria sem fim (2.34). Também diz que, em termos de reação e efeitos internos, não existe diferença entre três tipos de ações:
1- Nós mesmos realizarmos o ato negativo;
2- Pedirmos para outra pessoa fazer isto para nós, ou;
3- Aprovar o ato quando acontece, mesmo sem nossa ajuda.
Podemos progredir mais facilmente nestas quatro atitudes (amizade, compaixão, boa vontade e especialmente na neutralidade) com a prática de yamas (2.30) e com as instruções para cultivar o pensamento oposto quando nos tornamos negativos (2.34).
Yamas e Niyamas

O que fazer quando percebemos que estamos indo na direção errada em nossas ações, fala e pensamentos?
Podemos achar que estamos indo nesta direção <--------
Yamas
Ahimsa / não-violência
Satya / veracidade
Asteya / não-roubar
Brahmacharya / recordar
Aparigraha / não-possessividade
Niyamas
Saucha / pureza
Santosha / contentamento
Tapas / Senso de treinamento
Ishvara Pranidhana / Entrega
=============================
Mas podemos estar indo nesta outra direção          -------->
Yamas
Violência, dano
Mentir / deturpar
Roubar / tomar
Esquecer / desperdíçar
Não moderar / excessivo
Svadhyaya / Auto-estudo
Niyamas
Impuro / não limpo
Descontente / ansioso
Sem freio / excessivo
Ignorância / cegueira
Aderir / segurar
Treine sua mente com gentileza e amorosamente, como se você estivesse lidando com uma criança pequena que simplesmente não sabe como se comportar de maneira apropriada. Quando a mente estiver indo na direção errada, treine-a falando literalmente com ela, treine-a com a verdade de que está indo na direção errada, e que isto trará somente sofrimento contínuo.

Diga para sua mente –“Mente, ir nesta direção não é útil. Isto trará nada além de interminável sofrimento e grande ignorância da verdade. Mente, você precisa abandonar isto, e ir em outra direção.”.
Quatro percepções sobre pessoas para cultivar: Nesta prática são mencionados quatro tipos específicos de pessoas (feliz, sofredora, virtuosa, não virtuosa), como percebemos estas pessoas, e quais atitudes devemos cultivar para estabilizar, purificar ou acalmar nossa própria mente (atitudes de amizade, compaixão, boa vontade e neutralidade).
Estes quatro tipos de pessoas abrangem a maior parte de nossos relacionamentos: Ao memorizar os quatro tipos e observá-los ativamente no dia-a-dia, vai ficando mais fácil perceber as excentricidades da mente e regulá-las.  Ter uma lista pequena com quatro tipos torna o processo muito mais fácil de ser executado. Muitos, se não a maioria, ou talvez todos os nossos desafios nos relacionamentos com as pessoas, se enquadram em um ou mais destes quatro tipos.
Tendo um antídoto específico para cada tipo: Ter uma atitude específica para cultivar com cada um dos quatro tipos torna mais fácil a realização de mudanças. O que não significa que trocamos todas as boas idéias de como ter bons relacionamentos com as pessoas, mas estas quatro atitudes são certamente uma prática útil.

     
Em relação à
queles que são felizes ou contentes


Podemos sentir:
Resistência / distância: Lembremos que às vezes, quando não estamos tendo um dia bom, podemos resistir a ficar perto de alguém que esteja feliz ou contente. É muito fácil termos uma atitude negativa não intencional para com esta pessoa naquele momento, mesmo que seja nosso amigo ou familiar. Não quer dizer que a mente seja 100% negativa, mas que existe uma tendência, embora pequena, para a qual queremos estar atentos. Também não é sobre criar uma super expectativa de perfeição para conosco, mas sim um processo gradual de clarear uma mente nublada para que a meditação possa se aprofundar.
 
É melhor cultivar:
Amizade / gentileza: Se estivermos atentos desta tendência normal da mente, então podemos cultivar conscientemente uma atitude de amizade e gentileza quanto estivermos próximos de pessoas felizes, ou quando pensarmos nelas. Este ato consciente de ficar atento para com as tendências negativas da mente, e ativamente promover o positivo e o útil, gera um efeito estabilizador e traz paz e calma interior. É ficar alerta para o fato da mente freqüentemente hospedar os dois lados, a atração e a aversão, o positivo e o negativo. Queremos estar atentos para as duas tendência, mas cultivar a tendência positiva e útil.
 
     Para aqueles que estão sofrendo ou com dor
 

Podemos sentir:
Imposição / frustração: Podemos pensar em nós mesmos como sendo pessoas amorosas, cuidadosas e compassivas. Mas perceba como é fácil sentir o oposto disto quando alguém próximo a nós está doente. Temos algum compromisso e repentinamente alguém da família fica doente, ou há uma doença que se espalha na família. Com certeza cuidamos deles, mas também é um hábito da mente sentir alguma forma de imposição. Novamente, não estamos falando sobre uma negatividade de 100% ou psicopatologia. Estas são ações normais de uma mente que estamos tentando sistematicamente equilibrar e tornar serena.
 
É melhor cultivar:
Compaixão / apoio: É melhor observar esta inclinação da mente, mesmo que seja uma tendência pequena. Significa estar atento para esta inclinação, ao mesmo tempo em que cultivamos conscientemente a compaixão e o apoio para com as pessoas que estão sofrendo. Não significa agir ou suprimir os pensamentos e emoções contrários. Significa estar atento e gentilmente escolher o ato de amar. Novamente, queremos estar atentos aos hábitos da mente. A desatenção deixa distúrbios no inconsciente que irão perturbar a meditação. A atenção permite a liberdade e paz na mente.
 
     Para aqueles que são virtuosos e benevolentes
 

Podemos sentir:
Inadequação / inveja: Todos queremos ser úteis, servir nossa família, amigos e outras pessoas, seja na nossa comunidade local ou no mundo. Com freqüência, privativamente, podemos sentir que podemos fazer mais, mas não estamos fazendo. A inveja e outras emoções negativas podem surgir facilmente quando outra pessoa está agindo com sinceridade de modo virtuoso e benevolente. Podemos inconscientemente agir contra estas pessoas, quer as conheçamos pessoalmente, quer sejam uma figura pública.
 
É melhor cultivar:
Felicidade / boa vontade: É melhor que cultivemos atitudes de felicidade e boa vontade para com estas pessoas. Nem sempre é fácil cultivar estas atitudes positivas quando, por dentro, estamos tendo sentimentos negativos. Mas às vezes algo interessante acontece, quando nos tornamos testemunhas neutras e não-apegadas de nosso processo interior. Este momento pode ser divertido; a mente parece um instrumento engraçado que é observado, fazendo muitas travessuras. Então a felicidade e boa vontade parecem vir naturalmente.
 
     Para aqueles que vemos como maus ou mal intencionados
 

Podemos sentir:
Raiva / aversão: A maioria de nós possui um limite sobre o que consideramos como um comportamento aceitável. Podemos manter a crença sincera que todas as pessoas são puras no nível mais profundo. Todavia, não existem alguns indivíduos que pensamos que são desonestos, cruéis, vis, mal intencionados ou maus? Não existe um comportamento que consideremos tão fora da conduta aceitável que acaba gerando uma forte sensação de  raiva ou frustação? Se de fato temos um forte sentimento de raiva ou frustração direcionado para alguém, também não é verdade que nós, nós mesmos, carregamos o fardo destes sentimentos? A questão é: como ficar livre disto.
 
É melhor cultivar:
Neutralidade / aceitação: O antídoto para contrabalançar os sentimentos negativos para com alguém que percebemos como sendo mau, mal intencionado ou sem virtude, é cultivar uma atitude de neutralidade, indiferença, aceitação ou equanimidade. Pode ser dificil cultivar esta atitude, já que pode nos fazer pensar que estamos aprovando um mal comportamento. O que buscamos é a neutralidade no equilíbrio e equanimidade interiores e isto não significa aprovar as ações da pessoa. De fato, pode demorar muito até que o cultivo da atitude de neutralidade seja capaz de trazer mudanças. Mas com certeza auxilia em estabilizar e clarear a mente para a meditação.
 
Meditação intencional nestas quatro atitudes: Pode ser muito útil usar um tempo das meditações diárias para refletir sobre estas quatro atitudes. Podemos praticar as quatro atitudes, ou somente uma, por um extenso período. Simplesmente escolhemos uma das quatro atitudes e permitimos que a lembrança de uma pessoa, ou de algumas pessoas, apareça no campo da mente. Iremos perceber nossas reações, as cores, mencionadas anteriormente (1.5) (Nota tradudor: leia o artigo Yoga Sutras 1.5-1.11, Descolorindo Seus Pensamentos, disponível neste site www.yoga.pro.br). Enquanto a nossa atenção permanece sobre a impressão interna daquela pessoa, permitimos o cultivo da atitude positiva ou útil. Gradualmente o negativo ou colorido se enfraquece e atenua (2.4). Esta é uma parte da preparação para a meditação.
Diga para si mesmo: Quando percebemos uma das atitudes negativas acima, é muito útil lembrar a si mesmo que ela não é útil (2.33). Devemos dizer para nós mesmos, “Mente, isto não é útil”. “Esta atitude trará nada além de sofrimento”. “Precisamos nos livrar disto”. Também é bom lembrar para si mesmo, "Preciso cultivar a amizade para com aquela pessoa" (ou compaixão, ou boa vontade, ou neutralidade).
O que fazer com gente “ruim” de verdade: É comum para quem pratica meditação questionar as quatro atitudes em relação a gente “ruim” de verdade, como certos líderes políticos ou religiosos, da história ou do presente. Como posso sentir amizade, compaixão, boa vontade ou aceitação para alguém como "ele"? Não vou mencionar nomes, mas podemos facilmente pensar em alguém assim. Pode parecer que o Yoga esteja sugerindo que concordemos com, ou validemos o comportamento de tais pessoas, o que NÃO é o caso.  Aprovar um comportamento e lidar com nossos estados internos são questões muito diferentes.
Algumas vezes penso que a compreensão superficial é uma boa ferramenta para a compreensão profunda. Sem usar exemplos de figuras públicas conhecidas tanto do presente quanto da história, pergunte a si mesmo o quão útil seria continuar a guardar animosidade para com um amigo da infância que fez algo que o magoou.  Aquela pessoa está distante no passado, ainda que a mente continue a guardar a cor daquela aversão. Cada um deve decidir se guardar este tipo de impressão na mente pode servir para algo, ou se é melhor que a cor se enfraqueça, deixando uma memória neutra. A escolha cabe a cada um de nós. A abordagem da descoloração dos pensamentos é uma parte do Yoga. (Para mais informações sobre descolorir pensamentos, leia o artigo “Descolorindo Seus Pensamentos em Práticas de Yoga", disponível neste site www.yoga.pro.br)
Como estas atitudes são praticadas com maestria: Embora estas quatro práticas sejam usadas deste o início para estabilizar e clarear uma mente nublada, elas se tornam muito mais sutis em estágios posteriores da meditação. Quando existir a habilidade de executar samyama (3.4-3.6), estas quatro atitudes se tornarão objetos para serem examinados com um foco muito bem delineado e com a absorção no samadhi. Esta prática posterior, realizada com a intensidade sutil e refinada, traz a perfeição na  atitude. Este processo é descrito no sutra 3.24.
1.34 A mente também se acalma com a regulação da respiração, particularmente cuidando da exalação e natural tranqüilização da respiração que advem desta prática.
(prachchhardana vidharanabhyam va pranayama)
  • prachchhardana = exalação gentil pelas narinas
  • vidharanabhyam = expansão ou regulação, controle
  • va = ou (ou outra prática em 1.34-1.39)
  • pranasya = do prana
Consciência na respiração: Um dos métodos mais refinados para estabilizar e acalmar a mente é a respiração consciente. Primeiro, esteja consciente da transição entre duas respirações, e permita que esta transição seja suavizada, sem uma mudança abrupta, e sem pausa entre as respirações. Pratique conscientemente a percepção do quão delicada e suavemente as transições entre duas respirações podem ser feitas. Permita que a respiração se acalme e não deixe acontecer espasmos.
Prolongando a exalação: Após estabelecer a consciência no som e na estabilidade na respiração, permita que a expiração se prolongue gradualmente, de forma que o tempo da expiração seja mais longo do que o da inspiração. O ar irá se mover mais lentamente na expiração do que na inspiração. Permita gradualmente que a taxa aumente até que seja de dois para um, com a expiração sendo aproximadamente duas vezes mais longa do que a inspiração. Pranayama é traduzido com freqüência como controle da respiração. A raiz ayama na verdade significa prolongar. Assim, pranayama significa, de modo mais específico, o prolongamento da força da vida.
Não é rechaka, puraka e kumbhaka: Existem outras práticas respiratórias que incluem rechaka (expiração), puraka (inspiração) e kumbhaka (retenção intencional da respiração). Estas práticas e em especial a retenção na respiração não são a intenção deste sutra. Embora estas práticas possam ser úteis em algum estágio de prática, neste sutra não são objetos para estabilizar a mente e fazê-la tranqüila. 
1.35 A concentração no processo da experiência sensorial interna, realizada de um modo que conduza para a percepção sensorial sutil mais elevada, também gera estabilidade e tranqüilidade da mente.
(vishayavati va pravritti utpanna manasah sthiti nibandhani)
  • vishayavati = da experiência sensorial
  • va = ou (ou outra prática em 1.34-1.39)
  • pravritti = percepção elevada, atividade, inclinações
  • utpanna = emergir, aparecer, manifestar
  • manasah = mente, mental, manas
  • sthiti = estabilidade, constância, tranqüilidade estável, calma imperturbável
  • nibandhani = estabelecido firmemente, causas, selos, manter
Meditação nos instrumentos dos sentidos: Nesta prática ficamos conscientes do processo interior dos sentidos (não somente os objetos), usando os cinco sentidos cognitivos (indriyas): olfato, paladar, visão, tato e audição. Não significa insistir no objeto que estamos experimentando, como um som que estejamos ouvindo ou uma imagem que estejamos vendo. Significa tentar se tornar consciente do sentido em si. Inicialmente a sensação está em um nível mais superficial ou denso. Em última instância, a intenção desta prática é testemunhar os sentidos internos mais elevados ou sutis.
1.36 Ou concentração em um estado interno indolor de lucidez e luminosidade também traz estabilidade e tranqüilidade.
(vishoka va jyotishmati)
  • vishoka = um estado livre de dor, tristeza, pesar, sofrimento
  • va = ou (ou outra prática em 1.34-1.39)
  • jyotishmati = o esplendor brilhante, lucidez, luminosidade, luz interior, luz suprema ou divina
Concentração na luminosidade interna indolor: O modo mais fácil de fazer esta prática é colocar a atenção no espaço no meio do peito, o centro do coração. Simplesmente imaginamos que neste espaço existe uma luminosidade ardente, do tamanho aproximado da palma da mão. Se literalmente vemos ou não com o olho interno não é importante; a prática funciona de qualquer forma. Mantemos uma atitude interior na qual não importa quais pensamentos, imagens, impressões ou memórias apareçam no campo da mente; eles não vão nos perturbar ou distrair. Permaneçemos somente com a luminosidade ardente interna no coração.
1.37 Ou contemplando uma situação em que se tenha uma mente que seja livre de desejos, a mente se torna estabilizada e tranqüila.
(vita raga vishayam va chittam)
  • vita = sem, desprovido
  • raga = apego, desejo, atração
  • vishayam = objetos dos sentidos
  • va = ou (ou outra prática em 1.34-1.39)
  • chittam = da consciência do campo da mente
Imagine uma mente livre de desejos: Uma maneira de fazer esta prática é pensar em um grande sábio, yogi, ou pessoa espiritualizada que respeitemos. Simplesmente imaginamos como seria a mente desta pessoa se estivesse sentada tranquilamente para meditar. Então, fingimos que nossa mente é tão calma quanto à desta pessoa. Imaginar isto é um truque da mente, mas é uma prática extremamente útil para estabilizá-la.
Imagine sua própria mente livre de desejos: Outro método é imaginar como seria nossa mente se estivesse temporariamente livre de todos os desejos, vontades, atrações, aversões e expectativas. É como um jogo sendo jogando consigo mesmo, no qual vemos se podemos fingir que nossa mente está neste estado de tranqüilidade.  Com um pouco de prática, funciona maravilhosamente bem.
1.38 Ou focando na natureza dos fluxos no estado de sonho ou na natureza do estado de sono sem sonho, a mente se torna estabilizada e tranquila.
(svapna nidra jnana alambanam va)
  • svapna = sonho (focando na natureza do estado do sonho, e não no conteúdo dos sonhos)
  • nidra = sono (focando no estado de sono, como um objeto)
  • jnana = conhecimento, estudo, investigação, atenção, observação
  • alambanam = tendo como apoio para a atenção, objeto de concentração
  • va = ou (ou outra prática em 1.34-1.39)
Meditação nos estados do subconsciente: Focar no fluxo no estado de sonho ou na natureza do sono sem sonho irá estabilizar a mente e fazê-la estável. É extremamente importante perceber que isto não significa analise de sonho. É muito relaxante quando testemunhamos os fluxos que permitimos que aconteçam. Testemunhar estes fluxos é uma influência estabilizante, e não uma meditação profunda ou o samadhi, que está além da mente. (Nota do tradutor: para saber mais sobre os estados de sonho e sono profundo, leia "Yoga Nidra: Sono profundo consciente do Yoga" disponível neste site www.yoga.pro.br)
1.39 Ou pela contemplação ou concentração em qualquer objeto ou princípio que possamos gostar, ou pelo qual tenhamos uma predisposição, a mente se torna estável e tranqüila.
(yatha abhimata dhyanat va)
  • yatha = como, de acordo com
  • abhimata = a própria predisposição, escolha, desejo, querer, gostar, familiaridade, afabilidade
  • dhyanat = meditar sobre
  • va = ou (ou outra prática acima nos sutras 1.34-1.38)
Medite sobre um objeto de sua predisposição: Este sutra deixa bem claro que o princípio chave para a estabilização da mente e a remoção dos obstáculos é ekagrata, a concentração correta. É claro que esta é uma declaração muito abrangente, quando dizemos que podemos focar em qualquer objeto ou princípio pelo qual sintamos predisposição. A sabedoria deve ser o guia para escolher o objeto para a concentração.
Nós já sabemos disto: Virtualmente, todos já conhecem o princípio de focar em algo agradável como um meio de estabilizar a mente. Entretanto, a utilidade relativa do objeto escolhido é um assunto bem diferente. Assistir televisão, jogar um jogo, ouvir música, ter uma conversa ou outra atividade pode concentrar a mente o suficiente para diminuir parcialmente a tagarelice mental gerada pelas atividades do dia. Embora o princípio da concentração correta esteja presente em todas estas atividades, e possa trazer algum benefício, o meditador aprenderá como escolher objetos mais refinados para estabilizar a mente com o objetivo de meditar. Lembremos que estes sutras falam sobre estabilizar e clarear a mente, e não sobre meditação profunda. Este nível de concentração correta (ekagrata) provê uma fundação estável para as práticas de meditações mais sutis.
Mantra: Um dos meios mais refinados de focar, treina e estabilizar a mente é através de um mantra.     
Próximos sutras:  1.40-1.51: Após estabilizar a mente
Sutras Anteriores: 1.30-1.32: Obstáculos e Soluções

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Traduzido pelo yogi Rogério Maniezi, de Florianópolis, do original “Yoga Sutras 1.33-1.39: Stabilizing and clearing de Mind”, de autoria de Swami Jnaneshavara Bharati, disponível em SwamiJ.com. (Blog Pedro Kupfer)