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"A alma que não se abate, que recebe indiferentemente tanto a tristeza como a alegria, vive na vida imortal."Fonte - Bhagavad-Gita

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

OS SIDDHIS NO YOGASUTRA





Como resultado das primeiras formas do sabīja samādhi, samādhi “com suporte”, o praticante adquire a qualidade de conhecer áreas da Realidade que são habitualmente inacessíveis. Ao exercer saṁyama sobre um tema, o yogi assimila o siddhi, o poder inerente a essa manifestação.

Esses poderes são formas diferentes de relacionar-se com as leis naturais, que visam a estimular o sādhaka, desenvolvendo confiança para assim conhecer a liberação, mokṣa.

Patañjali dedica uma boa parte do capítulo iii dos Sūtras à enumeração e descrição dos diferentes suportes sobre os quais é possível fazer saṁyama, e as perfeições derivadas dessas contemplações. Apresentamos aqui uma lista (incompleta) desses poderes, esperando não cansar o paciente leitor.

“Praticando a disciplina nas três formas de evolução obtém-se o conhecimento do passado e do futuro.

“O som, seu significado e a ideia correspondente se confundem devido à superposição. Praticando-se saṁyama sobre o som produzido por qualquer ser, se obtém o conhecimento da sua distinção.

“Pela percepção direta dos saṁskāras se conquistam os conhecimentos inerentes à sua herança cultural (jāti, “nascimento”).

“Por esse meio, se conhecem os pensamentos de outra pessoa.

“Mas não se pode obter essa percepção a menos que se apoie nos seus elementos materiais.

“O saṁyama realizado sobre o próprio corpo pode suspender a perceptibilidade visual da sua forma.

“O karma pode ser imediato ou retardado; praticando saṁyama sobre ele, pode-se prever o curso das ações, e até mesmo conhecer o momento da morte.

“Efetuando saṁyama, por exemplo, sobre a amizade (e outras virtudes) adquirem-se essas respectivas qualidades.

“Praticando saṁyama sobre a força de um elefante (ou outro animal), se obtém o seu poder.

“Aplicando saṁyama à luz, adquire-se o conhecimento das coisas sutis, ocultas ou remotas.

“Efetuando saṁyama sobre o Sol, adquire-se conhecimento do Universo.

“Praticando saṁyama sobre a Lua, obtém-se o conhecimento dos corpos celestes.

“Aplicando saṁyama sobre a Estrela Polar, adquire-se o conhecimento dos movimentos das estrelas.

“Efetuando saṁyama sobre o círculo do umbigo, obtém-se o conhecimento da constituição estrutural e funcional do corpo.

“Praticando saṁyama sobre a cavidade da garganta, consegue-se a cessação da fome e da sede.

“Aplicando saṁyama sobre kūrma nāḍī (canal kūrma), consegue-se a estabilidade do corpo.

“Mediante saṁyama sobre a luz que envolve a cabeça, adquire-se visão paranormal.

“Mediante saṁyama sobre a intuição, consegue-se todo tipo de conhecimento.

“Praticando saṁyama sobre o coração, obtém-se o conhecimento de chitta.

“A falta de discriminação entre sattva (inteligência, entendimento, equilíbrio) e Puruṣa leva a confundí-los, embora sejam inteiramente distintos um do outro. Aplicando saṁyama sobre essa distinção, alcança-se o conhecimento de Puruṣa.

“Então começa-se a adquirir percepções paranormais através da intuição.”

Porém, o próprio autor adverte em seguida sobre o perigo que corre o yogi, que é ser seduzido por estes siddhis: “Esses poderes são obstáculos para alcançar o samādhi, embora sejam perfeições no conceito profano.”

Portanto, se o siddha, o detentor dos poderes, cair na tentação de usá-los ou brincar com eles de maneira irresponsável, perderá a possibilidade de atingir a libertação. Por isto, os poderes são um poderoso estímulo à prática, mas são também uma perigosa cilada para o ego.


http://www.yoga.pro.br/artigos/1083/7/os-siddhis-no-yogasutra


Namastê
Lu Perez

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