APARIGRAHA – é
abster-se de coisas supérfluas e desnecessárias à manutenção do corpo.
Conhecimento Espiritual
1. Eu me sinto constantemente
guiado por um elevado e benevolente poder. Sinto que nunca estou só?
2. Reconheço não haver nenhuma
distinção de classe, raça, sexo, cultura e vejo todos como irmãos e irmãs?
3. Mesmo convivendo com o mundo
material, tento manter minha mente absorta em pensamentos elevados
e vejo todas as entidades como
expressões do Infinito?
4. Não importa o que aconteça,
sinto que estou movendo-me em um fluxo cósmico e que tudo acontece para
o melhor?
parigraha é um princípio que nos convida a aproveitar a vida em
sua máxima totalidade e potencialidade, mas mantendo viva a nossa capacidade de
largar tudo no momento em que aquela "onda" vai embora, não
importando o quanto aquele momento, pessoa, lugar ou coisa nos fez feliz
naquele momento... Ou seja, aparigraha é desapego, não - posse, não-
ganância, não- agarrar, em relação a tudo em nossas vidas. Aparigraha é
confiar total e plenamente no momento, é se entregar nas mãos dessa força maior
que você, é viver a vida na sua mais bela forma...
A nossa respiração pode ser um
excelente professor na arte de Aparigraha. Expiramos a todo momento
confiando cegamente que no próximo momento a inspiração vai vir até nós. E se
conseguíssemos confiar na vida assim como confiamos na nossa respiração? E se
conseguíssemos absorver tudo aquilo que o momento nos oferece e depois
desapegar totalmente, confiando que o próximo momento irá nos trazer mais
"coisas"? A vida é um constante fluxo de idas e vindas em forma de
casas, trabalho, amigos, relacionamentos, rotinas.... Aparigraha nos
ensina que a única coisa que não muda é a própria mudança... a natureza de aparigraha
é a impermanência.
Desapegar de tudo aquilo que
conhecemos, gostamos ou estamos habituados nos faz sentir cru, é
desconfortável, vulnerável... e absolutamente delicioso! O coração vibra, os
olhos brilham, os sentidos aguçam, a espontaneidade e a alegria te permeiam e
tudo fica como elas realmente são. Não tente ser perfeito ou invencível... isso
nos afasta da nossa natureza, de Deus.
De quanto peso a mais precisamos
carregar nas costas? Como se a vida já não tivesse seus próprios desafios, pra
quê insistimos em nos agarrar ao passado ou ao futuro, pra quê nos enchemos de
expectativas, ressentimentos, decepções? E se acordarmos toda manhã e não
levássemos nada com a gente? E se esse for todo o objetivo da Vida? Morremos e
levamos apenas aquilo que trouxemos... nossa alma. Então, porquê não nos
desfazemos de toda essa carga e caminhamos em direção à liberdade, à vida, a
Deus?
Lembrando também que desapego nada tem a ver com não
se importar e/ou ser negligente com os outros ou com nossas coisas. Aparigraha
nos ensina a "ter" as coisas e não possuí-las, sabemos
"ter" quando sabemos "ser". Quando reconhecemos a natureza
impermanente das coisas, ficamos imersos no momento, apreciamos ainda mais a
vida e os outros.
Sinto que a jornada da vida é sempre em
direção à liberdade, tudo que nos faz sentir presos, reprimidos ou sem
vida...devemos largar com tudo e com a certeza em nosso coração de que estamos
no caminha errado, sem olhar pra trás, pois o que quer chegar até você é sempre
grandioso e libertador . Já ouviram a expressão: " A vida dá a quem
se dê"?
Praticar
constantemente a generosidade, confiança e entrega total nos mantêm sempre
abertos e fluímos em direção à Vida. A vida sempre quer dar muito
mais do que aquilo que não queremos largar...
Ganância - APARIGRAHA (Yama)
Ganância
Do livro Purna Vidya - Vedic Heritage Teaching
Programme Part 6
Values - Swamini Pramananda Saraswati e Sri Dhira Chaitanya
Tradução de Angela Andrade (Vidya Mandir, RJ)
A ganância é a condição da mente na qual
não se está satisfeito, mesmo depois de alcançar o que se quer. Em sânscrito, a
ganância é definida como uma ausência de contentamento, mesmo após ter
alcançado os objetos do desejo (praptesvapi visayesu almabuddhirahityam).
A ganância não é baseada em quanto a pessoa tem. Apesar do que possui, a
pessoa gananciosa sempre deseja mais e nunca está satisfeita.
Os animais são
programados para tirar de seu ambiente o que precisam. Alguns animais estocam
um pouco de comida para sua próxima refeição ou para a estação seguinte. Mas
eles não acumulam como os seres humanos fazem. A ganância humana se expressa em
querer mais do que se tem, tendo dificuldade de partilhar aquilo que já se tem,
ou querendo o que os outros têm.
A ganância nasce do sentimento interno de
privação e insegurança que pode, muitas vezes, ser remetido à infância. A
criança pode sentir-se emocionalmente privada. Esse sentimento pode ou não ser
baseado na realidade do ambiente dessa criança. Às vezes também uma criança
pode ser fisicamente privada de roupas adequadas, comida ou brinquedos ou ser
emocionalmente privada de atenção adequada, amor ou mesmo da presença dos pais.
Ou então, uma criança pode ter um sentimento de carência advindo de conclusões
errôneas de que suas necessidades não estão sendo supridas. Em quaisquer dos
casos, a criança cresce com um sentimento de carência e do qual, quando adulto,
talvez não esteja consciente.
Quando uma pessoa é insegura sobre suas posses,
ela pode ter medo de perder o que tem. Um meio de lidar com esse sentimento de
carência interna e insegurança é juntar e acumular. Pode-se sentir necessidade
de adquirir objetos materiais, riqueza, poder e relacionamentos.
No Mahabharata (um dos maiores épicos da Índia), Duryodhana,
personagem, serve como exemplo de pessoa gananciosa. Na tentativa de satisfazer
sua ganância por riqueza e poder, ele quebra todas as regras do dharma. Apesar
do dever de Duryodhana de proteger o povo e manter o dharma, ele se torna, ao
contrário, um atatayi, aquele que comete uma das seis ações contra a sociedade:
"Aquele que põe fogo na casa, aquele que envenena a comida, aquele
que ataca com armas, aquele que rouba o outro, aquele que usurpa a terra do
outro e aquele que rapta a mulher de outro, esses são, na verdade, os
atatayis."
A ganância de
Duryodhana era tanta que ele cometeu todas as seis ações erradas mencionados
acima.
Pode-se contrabalançar a ganância dividindo o que se tem com os outros.
Precisamos também reconhecer nosso próprio sentimento de carência e
insegurança nascido das experiências passadas. Essas precisam ser compreendidas
para que possamos corrigir nosso processo de pensar errôneo e nos sentirmos
mais seguros internamente.
Temos que perceber que o sentimento de segurança
interna é baseado no nível de maturidade emocional e de contentamento, e não em
quanto cada um conquistou.
Aparigraha
(não-ganância) é a capacidade de estar satisfeito com o que se tem, pois com a
ausência da ganância experimentamos sentimentos de paz e tranqüilidade.
O
impulso para acumular coisas pode nascer por insegurança face ao futuro, ou
seja, pela falta de confiança na abundância do Universo e em nós próprios. "Como
não sei se terei amanhã, guardo o que tenho hoje".
Aparigraha é
quando transferimos do nosso ponto de referência do ego para o espírito: a
nossa atenção expande-se e a generosidade manifesta-se, porque a natureza é
generosa e uma profunda consciência de abundância é gerada. Quando atingimos
aparigraha, tornamo-nos desapegados do desejo de acumular bens materiais. O que
não quer dizer que deixamos de fruir o mundo, com tudo o que nele há de
magnífico. Apenas não nos tornamos prisioneiros dele.
Assim, precisamos considerar cuidadosamente quais objetos e idéias que
escolhemos para se manter. Aparigraha encoraja-nos a considerar com atenção as
nossas posses e sensibilização.
A nossa própria respiração é uma constante
guia para nós, liberando continuamente nossos pulmões para dar lugar a um novo
fôlego.
Em algum momento, nós devemos simplesmente largar do antigo para dar
espaço para o novo. Em termos ideais, também estamos aprendendo a soltar aquilo
que já não precisamos, a fim de deixar espaço para o crescimento que mais
interessa a cada um de nós. Nesse sentido, aparigraha também pode ser
interpretado como o não-apego.
À medida que passamos a compreender que tudo
no universo é compartilhado em algum nível, que não somos separados das
pessoas, da natureza, do mundo, a identificação com a propriedade pessoal
começa a ser amenizada.
Com relação à prática de Yoga, Aparigraha é o dissolver a idéia de
'minha prática', 'minhas posturas', 'meus benefícios', é o cultivo do valor da
prática para o Todo, o entendimento de que a prática de Yoga é universal por
natureza. Dessa forma, estamos sempre praticando com todo o universo e
entregando os benefícios para todo o universo, que somos nós. Yoga = União.
Ao compreendermos o sentido de
aparigraha, percebemos que há somente um yogi e uma prática de Yoga.
As quatro nobres verdades
A primeira Nobre Verdade: diz que todas as experiências condicionadas são insatisfatórias. Ou
seja, tudo que tem um início, tem um fim, e tendo um fim, não é, num sentido
definitivo, satisfatório. Uma boa experiência nunca dura para sempre, e nunca
estamos seguros de que uma experiência ruim não venha a surgir.
A segunda Nobre Verdade: diz que a insatisfatoriedade surge principalmente de não reconhecermos
as experiências condicionadas como verdadeiramente são, isto é, de gerarmos uma
falsa expectativa quanto a elas, de nos associarmos a elas de uma forma
errônea, tentando conseguir nelas o que elas nunca vão nos dar. Assim, as
perseguimos incansavelmente, na esperança de que a próxima seja uma solução
definitiva. Porém, a causa disso é essencialmente não as vermos como
verdadeiramente são.
Algumas
vezes a primeira e a segunda nobres verdades são traduzidas como “o mundo é
sofrimento” e “a causa do sofrimento é o desejo”, mas o ponto principal é
entender que o problema existe (nossa insatisfação), e que ele tendo uma causa,
pode ser dissolvido. Então são a verdade de que há uma tensão, há uma
complicação, que precisa ser reconhecida, mas que também é preciso reconhecer
que esse problema não é natural, e sim possui uma causa.
Eliminando
a causa, temos a terceira Nobre Verdade. Isto é, ao parar de atribuir às
experiências condicionadas o poder de nos dar felicidade, reconhecemos a
verdadeira natureza das coisas e de nós mesmos como inerentemente
satisfatórias, num sentido que está além do que se poderia chamar de
“felicidade condicionada”, isto é, que depende de condições externas ou
internas para começar — e que portanto, um dia termina. A terceira Nobre
Verdade nos revela o cessar da atribuição errônea de expectativas, e o repousar
na perfeição do que já é, exatamente como se apresenta, sem artificialidade.
A quarta Nobre Verdade: então nos dá um método para alcançarmos este estado, o que é chamado de
Nobre Caminho Óctuplo, ou, podemos dizer, todos os métodos que o Buda ensinou
são a quarta Nobre Verdade, que nos dá uma miríade de métodos de produzir o
entendimento e aplicação das três outras Verdades como um modo de atingir a
liberdade última perante nosso hábito de procurar a felicidade no lugar errado.
Resumo:
• 1a. Nobre Verdade – Dukkha – A vida é desequilibrada,
fora de prumo, desarmônica;
• 2a. Nobre Verdade – Samudaya – a causa deste
desequilíbrio são os Três Venenos Mentais (a ira, a cobiça e a ignorância);
• 3a. Nobre Verdade – Nirodha – o equilíbrio pode ser
restaurado;
4a.
Nobre Verdade –
Margha – o equilíbrio da vida pode ser atingido seguindo-se o Caminho do Meio
(ou Caminho Óctuplo).
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