Prem Baba
Como andar sob o fio de uma navalha? Isso aqui é uma escola e é muito importante que você possa ir para o mundo colocar em prática aquilo que você aprendeu. Sempre haverá um barulho lá for (nesse momento, um motor foi acionado fora do salão) a, quer seja o barulho de um motor; quer seja a serra elétrica ligada ou quer seja a mente tumultuada de um grupo de pessoas. O cultivo do silêncio está afinando o seu instrumento no diapasão da luz. Estamos nos colocando na frequência da luz.
Mas é mesmo bastante desafiador esse relacionamento com as diferentes frequências de energias. Esse é o seu principal desafio: sustentar o silêncio; manter o coração aberto enquanto você está se relacionando com o outro, que muitas vezes não está presente. Manter o coração aberto quando você está se relacionando com o outro que muitas vezes está com o coração fechado. Manter o amor fluindo, quando muitas vezes está se relacionando com o outro que está sendo canal de ódio; está sendo canal de medo.
Mas muitas vezes você precisa mesmo ficar mais recolhido. Não há nada de errado com isso, são momentos. Quando você está em um estudo fino; quando você está precisando mesmo preservar o campo de prece e sabe que se for para o mundo terá uma grande tendência de se identificar e cair, então neste momento você se permite ficar recolhido. Mas saiba que em algum momento você terá que ir para o mundo e precisará se relacionar. A chave, ou o ponto central dessa questão, é se você está realmente disposto a se doar. Se você está querendo ver o outro feliz; se você já está em condições de começar esse estudo mais elevado que é ser canal da generosidade; que é poder realmente partilhar esse silêncio, esse amor com os demais, mesmo que eles nem saibam disso; mesmo que conscientemente eles nem queiram isso ou pior, tenham até raiva disso.
Lembre-se de que o que caracteriza a maturidade espiritual é essa capacidade de se doar. Se você não está neste momento, ok. Também não vai criar a máscara do bondoso, do generoso, do espiritual. Ok, então admita o seu egoísmo. Eu não tenho nada para dar neste momento mesmo. Não quero dar nada neste momento. É uma passagem também absolutamente natural. Mas saiba que você está se movendo do egoísmo para o altruísmo. Você pode não estar ainda podendo ser canal do altruísmo, mas em algum momento você poderá manifestar isso. Não se cobre, não se culpe, mas saiba, não se engane.
Em algum momento essa capacidade de perdoar e de amar precisa ser iluminada. Em algum momento você vai precisar renunciar o jogo de acusações, porque é a acusação que faz seu coração ficar fechado. Se o coração está fechado, vá investigar e você vai encontrar a acusação. Às vezes, essa acusação está tão arraigada, você está tão viciado neste jogo que nem percebe. Você faz mecanicamente. Se existe acusação, tem comparação. E a comparação e o julgamento abrem as portas do inferno. Aí você acaba realmente acordando sua natureza inferior. Então, você perde o silêncio, perde o amor que foi conquistado.
Isso tudo você vai aprendendo na vida, à medida em que você se permite se relacionar. Você não tem como fugir de relacionamentos, porque a vida é relacionamento. Você se relaciona com outro ser humano, relaciona-se com os objetos ou com seus próprios pensamentos, mas você vai sempre precisar se relacionar com alguém ou com alguma coisa. Muitas vezes não importa com quem você está se relacionando. Eu vi uma vez uma pessoa tropicando em um degrau da escada e chutando a escada porque tinha tropicado, culpando o degrau porque tinha derrubado-o. Então, não faz muita diferença. Quando a sua mente está condicionada e viciada no jogo de acusações, você arruma briga até com o vento. Arruma briga com a chuva.
Namastê
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