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"A alma que não se abate, que recebe indiferentemente tanto a tristeza como a alegria, vive na vida imortal."Fonte - Bhagavad-Gita

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

yogaścittavṛttinirodhaḥ



Yoga é a cessação da [identificação 
com] os conteúdos da psiquê.
yoga = Yoga, jungir, união 
citta = buddhi + ahaṅkāra + manas; psiquê, complexo ego-mente-intelecto-personalidade
vṛtti = modificação, ondulação, modo de conduta, flutuação 
nirodha = cessação, supressão, contenção, restrição, dissolução
Este sūtra resume-se apenas a quatro palavras alinhadas. Não há preposições, verbos, artigos, ou qualquer outro “recheio” que possa nos ajudar a compreender melhor esta definição. O sábio Patañjali nos diz aqui que Yoga é o que é natural para o ser humano. Nada mais, nada menos.
A palavra citta, que traduziremos a partir deste momento como psiquê ou psiquismo, deriva do prefixo chit, que significa estar atento, perceber, ver, brilhar. Embora Patañjali não explique este termo, sabemos que o que ele define é o complexo ego-mente-personalidade. Este complexo inclui a razão, também chamada intelecto (buddhi), o ego (ahaṅkāra) e a mente analítica (manas).
Citta, a psiquê, consiste de três elementos:
1. buddhi, intelecto,
2. ahaṅkāra, ego, e
3. manas, mente.
O psiquismo, por sua vez, é alimentado pelas impressões subconscientes (saṁskāras). Assim sendo, cada vez que formos falar em psiquismo ao longo destes comentários, estaremo-nos referindo a esses três componentes juntos.
Literalmente, a palavra vṛtti quer dizer “circular”, e deriva de vṛtta, que significa “círculo”. Assim, poderemos facilmente assimilar o conceito de vṛtti, se imaginarmos a atividade consciente como os círculos concêntricos que se formam na superfície de um lago quando nele jogamos uma pedra.
Diferentemente do que se acredita, vṛtti não é qualquer tipo de agitação mental ou estado anímico, mas um termo técnico que se aplica unicamente a um grupo de cinco tipos de “modificações” do pensamento, que serão definidos posteriormente, no sexto sūtra deste capítulo. Essas flutuações são: conhecimento correto, conhecimento errôneo, fantasia, sono e memória.
Nirodha significa “cessação”, “supressão”. Embora algun autores prefiram traduzir esta palavra como “controle”, inclinamo-nos por traduzi-la como “cessação”, pois nirodha consiste mais em interromper a identificação com os padrões que a consciência assume do que em reprimir ou “controlar” pensamentos ou sentimentos.
A palavra “controle” pressupõe a existência de um agente controlador que deveria estar além da mente e do ego, e que de nenhuma maneira coincide com o conceito de Puruṣa que Patañjali irá expor nos próximos sūtras. A palavra “cessação” parece-nos estar mais perto da experiência do Yoga e encaixa-se melhor no contexto de sua praxis.
Concluindo, lembremos que a habilidade de interromper a identificação com os pensamentos é necessária para o samādhi, a profunda meditação. O samādhi, por sua vez, não é um fim em si mesmo mas uma preparação prévia, chamada antaḥkarāṇaśuddhi ou purificação psíquica, para mokṣa, a libertação.

Para finalizar, é possível e, aliás, muito construtivo, usar este importante sūtra como objeto de meditação. Para tanto, sente-se numa postura confortável, feche os olhos e repita mentalmente a definição de Patañjali, em sânscrito ou português, meditando sobre seu significado e a melhor maneira de aplicá-lo em sua prática diária. Boas práticas, então!
Namastê
http://www.yoga.pro.br
 

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