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"A alma que não se abate, que recebe indiferentemente tanto a tristeza como a alegria, vive na vida imortal."Fonte - Bhagavad-Gita

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Pai nosso em aramaico





Quando se fala de antropologia, está se falando do ser humano; e quando se fala no ser humano, está se falando também de um desejo que o anima. 

O homem é uma antropologia do desejo. A gente se torna aquilo que deseja e aquilo que ama: isso é um ser humano aberto para a divindade, e o seu desejo se expressa através da oração. E por isso podemos dizer que o Pai Nosso expressa o desejo de Cristo, enquanto um arquétipo da síntese, como dizem os precursores da igreja: no Seu desejo então, expressa o desejo mais profundo dos seres humanos. 

É por essa razão que o conhecimento do Pai Nosso é importante, para que conheçamos o desejo de Cristo, e também para conhecermos o desejo profundo que habita o coração de todos os seres humanos. Aqui, desejo corresponde a cada palavra do Pai Nosso”.

Um sábio indiano disse: “Quando um ser humano cresce, a divindade desce para recebê-lo”.

A dança é terapeuta. Um terapeuta é o que alivia o sofrimento.
E vem a pergunta: 
O que é um ser humano?
Diz Aristóteles que é um animal racional, mas não temos bem certeza disso, porque sabemos das irracionalidades que ele comete.
Homo sapiens ou homo demens ?

O ser humano é um animal insatisfeito.  Porque não se contenta com a água e o sol, assim como a planta. O ser humano tem necessidades. E o objeto que satisfaz as suas necessidades não satisfaz o desejo. O homem é o ser do desejo.

 E onde se enraíza o desejo?

Psicanaliticamente, o desejo se enraíza no ID que é o princípio do prazer, da vitalidade, da expressão, da expansão. 

Tem o desejo que vem do Ego – que é o desejo de reconhecimento e afirmação.

Tem o desejo que vem do Self – desejo de inteireza, de realização, de plenitude.

Tem o desejo que vem do outro – desejo do amor – o outro lhe faz falta. 

O ser humano não é apenas um ser que o outro lhe faz falta.

Temos a capacidade de amar o outro na sua alteridade.

O outro não é feito para ser possuído.

O meu desejo é a minha prece.

É importante distinguirmos a diferença entre necessidade e demanda.

A necessidade se satisfaz com o objeto. Se eu tenho fome, o pão me satisfaz.

Porém a demanda é algo que envolve reconhecimento.

O homem diz para a mulher: “Você tem jóias, casa. Não lhe falta nada”. O homem só satisfaz a necessidade. O desejo está além da necessidade e da demanda.

Para S. João, Jesus é o verbo encarnado, a informação criativa.

Dizia Santo Agostinho: “Minha oração é o meu desejo e o meu desejo é a minha oração”.

Existe o desejo do homem para ir, em direção à totalidade do outro. O desejo que habita nas profundezas do coração. E isso não desclassifica outros desejos.

O que este desejo pode nos revelar?

O desejo de conhecer a Deus.

Deus é impossível de se compreendido na sua totalidade. Deus não se reduz no conhecido ao nosso conceito. Deus não pode ser reduzido. Nossa representação de Deus não é absoluta. As nossas representações de Deus, nós tomamos como se fossem Deus. Deus é muito mais que todas elas.

A oração é uma forma de entrar no desejo de Deus.

Quem é este ser que reza?

Quem é este que está aberto à transcendência?

João dizia que Jesus era o verbo encarnado.

O Pai Nosso é um texto importante na teologia.

É também um texto importante na antropologia.

Como posso ler o Pai Nosso nos diferentes níveis?

(Pai Nosso significa que o demônio não está nele).

Ao rezarmos vamos ao centro profundo do nosso desejo.  Pai Nosso é a oração do filho de Deus dentro de nós. Pai nosso expressa a direção do ser humano para o absoluto.

“AUM” significa Pai Nosso.

Vamos escutar o Pai Nosso em aramaico que era a língua de Jesus. Antes de escutar as palavras, é bom escutar o som. O som se torna uma palavra.

(Jean-Yves canta o Pai Nosso em aramaico)

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