Pedro Kupfer - 20 de Outubro de 2013 - Nenhum comentário
Tempo de prática: 35 a 50 minutos
Sinopse: esta prática inclui ākāśa prāṇāyāma, bīja mantra e visualização. O viśuddha se vincula ao elemento ākāśa (espaço), à eloqüência e ao dom de interpretação das escrituras. O desenvolvimento deste centro de força permite ao praticante ser mestre de si próprio, desenvolvendo a qualidade de svātantrya (autosuficiência).
Sente numa posição de meditação com as costas eretas e as mãos em jñāna mudrā. Mantenha os olhos fechados. Inspire profundamente e vocalize o mantra Oṁ durante sete fôlegos: Oṁ, Oṁ, Oṁ, Oṁ, Oṁ, Oṁ, Oṁ. Permaneça consciente do seu corpo. Construa uma imagem mental do seu corpo. Ou sinta seu corpo. Ou as duas. Como você quiser. Permaneça consciente do seu corpo inteiro. Tome consciência da sua espinha dorsal, que está perfeitamente ereta, sustentando o pescoço e a cabeça.
Tome consciência da posição equilibrada dos braços e pernas. Consciência total no seu corpo inteiro. O corpo inteiro, dos pés à cabeça. Imagine-se como se estivesse crescendo a partir do chão, como se fosse uma árvore. Suas pernas são as raízes da árvore. O resto do corpo é o tronco. Vivencie isto com intensidade. Você está crescendo a partir do chão, fixando-se no chão. Absolutamente estável.
Absolutamente imóvel. Como se fosse uma árvore enorme e forte. Perceba-se, vivencie-se crescendo a partir do chão. Fixando-se no chão. Unindo-se com o chão. Não há diferença entre o corpo e o chão. Você está absolutamente estável. Absolutamente imóvel, e ao mesmo tempo totalmente descontraído e relaxado.
Concientize-se das partes do corpo, começando pela cabeça. Visualize a sua cabeça e mantenha consciência total nela. Faça o mesmo com o pescoço. Visualize o seu pescoço e mantenha consciência total nele. Faça o mesmo com o ombro direito. Com o ombro esquerdo. Com o braço direito. Com o braço esquerdo. Com a mão direita. Com a mão esquerda.
Permaneça consciente das costas inteiras. Do peito. Do abdômen. Do glúteo direito. Do glúteo esquerdo. Mantenha-se consciente da perna direita. Da perna esquerda. Do pé direito. Do pé esquerdo. E depois, do corpo inteiro. O corpo inteiro de uma só vez. Consciência total no seu corpo inteiro. O corpo inteiro, como uma unidade.
Agora visualize o exterior do corpo. Como se você estivesse se vendo num espelho. Veja seu corpo na posição de meditação. Pela frente. Pelo lado direito. Pelo lado esquerdo. Por trás. Por cima. E depois, de todos os lados ao mesmo tempo. Consciência total no seu corpo inteiro. Seu corpo inteiro, como uma unidade.
Agora tome consciência das sensações físicas. Consciência total em todas as sensações. Permita que elas se tornem o foco do seu pensamento. Consciência total. Faça um saṅkalpa: tome a resolução de permanecer absolutamente estável e imóvel durante toda a prática. Repita mentalmente: “durante toda a prática fico absolutamente estável, absolutamente imóvel. Absolutamente estável e imóvel”.
Fique atento aos sinais de desconforto do seu corpo. Consciência total em todos os sinais de desconforto: dor, coceira, formigamento, necessidade de deglutir saliva, o que for. E permaneça absolutamente firme e imóvel. Quando você se prepara para permanecer atento e evitar todo e qualquer movimento, o corpo permanece imóvel e rígido como uma estátua. E você percebe uma sensação de levitação astral.
Se houver algum movimento inconsciente, tome consciência desse movimento. Torne-o consciente. Consciência total no corpo e na estabilidade. Consciência total no corpo e na imobilidade. Seu corpo está totalmente estável e imóvel. Absolutamente firme e descontraído. Esta é a forma da sua consciência agora.
Você está preparado para manter esse estado. Sinta seu corpo ficando mais e mais rígido. Mais e mais firme. Tão rígido e firme que, depois de algum tempo, você não consegue mais se mexer. Consciência total no corpo e na rigidez. Consciência total no corpo e na firmeza. Seu corpo está absolutamente rígido e firme. Rígido e firme, porém, perfeitamente descontraído e relaxado. Absolutamente imóvel.
Ao manter a consciência centrada, você sente o seu corpo ficar cada vez mais leve, cada vez mais sutil. Tão leve e sutil, que a consciência do corpo se esvai. A consciência do corpo se esvai. Este é o momento para transferir a atenção para o ritmo natural da sua respiração. Consciência total no ritmo natural da sua respiração, mantendo-a tão silenciosa quanto for possível. Agora coloque a consciência no limite exterior das narinas, no ponto que define se o ar está dentro ou fora delas. Dentro ou fora do seu organismo. Consciência total.
Leve a consciência para além do limite das narinas. Observe o movimento de entrada e saída do ar. Ao expirar, o ar de fora é deslocado pelo ar que sai das narinas. Ao inalar, o ar nos pulmões é comprimido pelo ar novo que entra. Consciência total no processo respiratório, mantendo a respiração tão silenciosa quanto for possível.
Agora torne a respiração mais sutil. Prolongue aos poucos a duração da inspiração e da expiração. Não force nada. Respiração leve e sutil. A sua respiração fica tão sutil que ao inspirar, não há compressão do ar dentro dos pulmões, e ao expirar, não há deslocamento do ar de fora. A sua respiração está absolutamente silenciosa. Aqui você experiencia ākāśa, o princípio do espaço.
Coloque a atenção no viśuddha chakra, na extremidade da espinha dorsal. Consciência total no viśuddha. Ao mesmo tempo, faça mentalmente o bīja mantra Haṁ. Repita este mantra de maneira contínua e rítmica, associando o ritmo com a respiração: Haṁ, Haṁ, Haṁ, Haṁ, Haṁ. Faça japa mentalmente, criando uma textura sonora constante e uniforme. Sinta a vibração do mantra ressoando no chakra. Para revelar seu poder, o bīja mantra precisa fazer-se junto com visualizações.
Consciência contínua e intensa no viśuddha chakra. Associe agora ao bīja mantra a imagem de uma lua crescente prateada brilhando na sua garganta, inscrita dentro de um lótus de dezesseis pétalas de cor púrpura. O crescente representa o ākāśa, o tattva do espaço, e simboliza a purificação. Dentro do crescente, brilha um círculo branco. Visualize o bīja mantra Haṁ na cor dourada, pulsando sobre o círculo branco.
[Atenção: nas primeiras práticas, se você for iniciante ou tiver dificuldades para visualizar claramente, omita esta parte da meditação e passe diretamente à visualização do redemoinho de luz.]
Sobre o bīja aparece o elefante Gaja, veículo do chakra. Ele tem a cor das nuvens carregadas de chuva. Suas orelhas e tromba representam o nāda, o som cósmico. Acima do elefante, do lado direito, senta a deidade do chakra, Pañchavaktra Śiva, o Śiva de cinco rostos. Cada um deles representa um dos cinco elementos e um dos cinco sentidos. Sua pele á azul e tem quatro braços. Com a mão superior esquerda sustenta o tambor dhamaru. Com o outro braço esquerdo, um tridente. No braço inferior direito ele tem um japa mālā. Com a outra mão ele faz abhaya, o gesto de dissipar o medo. Ele é o mestre do Yoga.
Ao seu lado está Shakiní, a Śaktī do chakra. Ela tem cinco rostos e quatro braços; é a encarnação da pureza. Sua pele é cor de rosa e veste um sari azul claro. Está sentada sobre uma flor de lótus cor de rosa. Na mão superior esquerda tem uma caveira. Na outra mão esquerda, os śāstras (as escrituras). Na mão inferior direita, um japa mālā (rosário de meditação). Na outra, o ankuśa, lança para guiar elefantes, que simboliza o domínio sobre o intelecto e os sentidos.
Consciência total na representação do viśuddha chakra. Se em algum momento você perder a imagem, construa tudo de novo: mantenha a respiração lenta e consciente junto com a repetição mental do bīja mantra Haṁ. Depois, o crescente prateado, yantra do elemento espaço, circundado por dezesseis pétalas púrpura. O mantra Haṁ pulsa sobre o círculo branco. Dentro dele, resplandece Gaja, o elefante. Acima do elefante, Pañchavaktra Śiva e Śakiní Śaktī, ambos com cinco rostos e quatro braços.
Agora visualize que o viśuddha se transforma num lótus de cor púrpura brilhante, com o centro branco. Aos poucos, o lótus começa a girar. Um vórtice de energia girando vertiginosamente. Mergulhe nesse redemoinho. Observe o sentido do giro. Sinta a vibração da energia primal pulsando através de você.
Consciência intensa e contínua. Nesse momento, a imagem do lótus se esvai. Conclua a meditação. Mantenha os olhos fechados. Fique atento ao momento presente, aos seus sentimentos, ao efeito da prática, ao lugar onde você está. Então, movimente-se devagar. Abra os olhos. A prática de meditação está completa.
Oṁ śāntiḥ śāntḥ śāntiḥ.
Extraído do livro Yoga Prático.
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