Páginas

..

"A alma que não se abate, que recebe indiferentemente tanto a tristeza como a alegria, vive na vida imortal."Fonte - Bhagavad-Gita

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

SRI PREM BABA






Satsang 01.01.13 - Índia 2012/2013



(canção da oração de São Francisco)
Esta é uma oração de grande poder. Uma das pérolas da cristandade e que se encaixa em qualquer raio espiritual, porque se trata de uma verdade. E a verdade é uma só. É a essência do conhecimento. Esse é o significado mais profundo do Sanatana Dharma, a religião eterna, o caminho da iluminação. Religião no sentido real da palavra; no sentido de religare, a religação da alma individual com o absoluto. É esse caminho que eu chamo de religião vertical. Ó mestre fazei que eu procure mais consolar que ser consolado; compreender que ser compreendido. Que eu possa mais amar do que ser amado. Essa é a essência.
Todo o drama da vida humana está nisso. Não importa quanto o corpo físico tenha se desenvolvido, ou quanto o intelecto tenha se desenvolvido, enquanto a alma não se expande suficientemente, ela não é capaz de iluminar o núcleo escuro do corpo emocional, que é uma marca ancestral, reeditada a cada reencarnação, na forma da necessidade de ser amado exclusivamente. Ao chegar nesse corpo na forma de uma criança, essa marca é acordada. Toda a criança tem essa necessidade de ser amada exclusivamente. E devido ao karma, ela se desenvolve fisicamente e intelectualmente, mas emocionalmente, ela continua identificada com aquela criança que precisa ser amada exclusivamente. Essa é a raiz da miséria.
Se a libertação está em amar, mas o que você quer é ser amado, está claro que você está na contramão da vida e da libertação. Na medida em que você vai amadurecendo, e consequentemente iluminando a inteligência, é natural que você queira amar ao invés de ser amado. Você pode não saber como, mas chegar ao ponto de compreender essa mecânica do psiquismo, e poder fazer essa oração conscientemente, já é uma grande vitória.
Que eu possa considerar ao invés de querer ser considerado. Essa necessidade de amor exclusivo é o que se traduz em carência afetiva, em dependência, em todo o tipo de apego e diferentes formas de controle, possessividade, ciúme... E todos os outros desdobramentos que vêm disso. A ilusão básica é a de que você precisa receber esse amor de fora.
A jornada da alma implica em você reconhecer que isso que você busca fora está dentro de você. Por mais paradoxal que isso seja. Isso que a criança ferida quer tanto, que é ser amada exclusivamente, só vai realmente acontecer, ou seja, você somente se sentirá preenchido, quando esse amor estiver fluindo de você fartamente. É somente assim que você se liberta da necessidade de ser amado exclusivamente. Não existe outra maneira.
Por isso eu digo que essa oração é uma pérola. Nem todos podem reconhecer o valor da pérola, pois não estão suficientemente maduros para compreender. É por isso que eu dou tanta ênfase para esse processo de purificação. Purificação no sentindo de integração da natureza inferior, que é o que impede a sua capacidade de reconhecer a sua própria natureza amorosa. Eu vou direto ao ponto. Esse é o ponto. Se o amor está trancado no cofre, inevitavelmente você será uma vítima da carência e de todos os jogos que nascem dela. A essência dos jogos da carência é forçar o outro a te amar. É forçar o outro a te reconhecer, o que é um desdobramento do forçar a te amar. Às vezes você se envergonha de admitir que deseja ser amado, porque talvez tenha aprendido que isso é errado, então essa necessidade de ser amado é distorcida e se transforma na necessidade de ser reconhecido. Mas, no fundo, você quer ser amado. É daí que surgem as vítimas, os agressivos e os retraídos – só para tentar forçar o outro a te amar. Mas, amor forçado não é amor, e não vai te preencher, portanto você desperdiça a sua vida com uma luta inútil.
É por isso que eu estou incansavelmente te convidando a ir direto ao ponto. O que é que está trancando o seu coração? Você pode olhar isso a partir de uma esfera psicológica ou a partir de uma esfera espiritual. Eu tenho te conduzido para olhar através da esfera psicológica porque está mais perto, mais fácil e acessível, e porque para atingir a esfera espiritual, é preciso transcender a esfera psicológica. Quando eu falo de esfera psicológica eu me refiro a todos os tipos de traumas, aos sentimentos negados e suprimidos por conta dos choques de abandono, exclusão e rejeição. Isso precisa ser liberado do seu sistema, para a energia circular livremente. É fundamental iluminar a compreensão do porque você passou por determinadas situações. É importante compreender esse programa da sua alma. E a partir dessa compreensão, iluminar o perdão, e se harmonizar com todos aqueles que compõem a sua constelação familiar.
Esse trabalho de cura psicoemocional é a base, mas está na esfera pessoal. Conforme você vai evoluindo dentro desse processo de cura ou purificação, a esfera espiritual vai se revelando para você. Assim você começa o processo de desprogramação da sua identidade humana, que é um trânsito do humano para o divino; do eu para o nós. É um apagar dos rastros. É esquecer que você nasceu e lembrar que você é o amor.
Na esfera espiritual, você compreende todos os dramas pessoais apenas como uma estratégia demaya, a grande ilusão cósmica. Então pode surgir uma pergunta como essa:
QuestãoGuru ji, como eu sei se é você que aparece nos meus sonhos ou maya? Como sei se é você ou maya que fala comigo durante a meditação?
Prem Baba: Essa é uma boa pergunta. Maharaj ji me fez de um jeito tal que normalmente quando eu apareço para você no seu sonho ou na sua meditação, sou eu mesmo, (risos).  Mas, levando em consideração o poder e a esperteza de maya, eu posso também te dar uma instrução para iluminar o seu discernimento. Maya restringe a sua capacidade de amar. Ela alimenta essa ideia de que você precisa receber amor exclusivo. Ela alimenta a ideia de que você é um eu separado. O gurustotra é o poder que te tira dessa ilusão. Ele está o tempo todo mostrando a sua verdadeira natureza. O guru é o seu próprio Eu divino. Ele é um espelho no qual você vê o seu Eu divino.
Essa ilusão cósmica quer ter você sob os domínios dela. Existe uma rede de entidades criadas por essa ilusão que se alimentam do sofrimento gerado pela ideia de separação. Então, quando as portas do coração começarem a abrir, você é tentado. Maya vai tentar te pegar. Normalmente ela faz isso acordando a sua carência; ativando a sua criança ferida com sua necessidade de receber amor exclusivo. E, muitas vezes, te levando a situações, caminhos e pessoas que justamente acordam essa natureza ilusória. Há que se ter comprometimento com o caminho. É preciso constantemente renovar os votos. Os votos de realmente amar ao invés de ser amado.
Várias perguntas sobre o guru, professores espirituais e os diversos caminhos, têm se acumulado. Eu posso resumir dizendo que você vai procurar até achar. Quando você acha, você para de procurar. Você para de procurar fora, mas vai seguir as instruções do seu guru para encontrar dentro. Um professor de espiritualidade pode te ensinar algumas coisas. Um guru é outra coisa. A palavra guru se tornou muito popular. Têm surgido muitos gurus e swamis, mas não sei quem os consagrou. Mas, eu sinto que você não deve se preocupar com isso. Se você sentiu a graça fluindo na sua direção, fique ali. Mas, quando você sentir que realmente encontrou seu guru, não saia mais dos pés dele. Principalmente depois de ter iniciado um trabalho de desenvolvimento da sua energiakundalínica que ocorre quando você recebe iniciação. Isso não é bom pois mistura os canais. É claro que durante o caminho você pode ter dúvida, mas se em algum momento você teve a convicção de que aquele era o seu caminho, então, considere a possibilidade de estar fugindo da sua dor; considere a possibilidade de estar caindo na sedução de maya. A melhor forma de lidar com isso é falar com o seu guru, para ele te ajudar a atravessar essa turbulência.
A verdade é muito simples. Ao mesmo tempo, quando a entidade está identificada com a criança ferida, é muito difícil. Porque, se ela está muito carente, ele projeta no mestre os personagens da sua história pessoal, e se sente não amada. Isso pode ser bastante desafiador. É preciso muita atenção nessa hora.
Dentro disso eu até quero comentar um pouco a respeito de uma situação de uma pessoa que entrou numa emergência espiritual. Ontem eu saí do ashram para vê-la, e fiquei muito triste com o que eu vi, pois ela entrou num processo realmente difícil. Ela teve que ser internada num hospital psiquiátrico. Estou comentando também porque vou precisar de voluntários (enfermeiros, psicólogos e médicos) para formar um time de ajuda no hospital. No espiritual, eu estou tentando trazê-la de volta. Mas, ainda vai levar alguns dias. Eu sou muito experiente com esse tipo de emergência espiritual. E eu vou dizer que, do jeito que ela surtou, só existem duas possibilidades: ou é devido ao uso de drogas ou é um choque de egrégoras. Só isso pode levar uma pessoa a esse estágio. Ainda mais fazendo práticas fortes com mantras e magias, entre outras coisas.  Isso é coisa séria, é uma energia atômica. A energia da kundalini é como uma energia atômica. Muitas práticas espirituais são realmente muito poderosas. Se a pessoa entra nisso sem saber onde está entrando, ela pode se machucar. É preciso ter uma guiança.
Eu vou fazer uma analogia simples de ser compreendida. Um cozinheiro está fazendo comida numa panela. Então, vem outro cozinheiro que não sabe o que está sendo feito e coloca outros temperos. Depois vem outro cozinheiro e coloca outro tempero. Como vai sair essa comida? Tem um ditado lá no Brasil que diz: “Em panela que muitos mexem, a comida sai salgada ou sai insossa”.
Eu ainda não sei o que aconteceu. Apenas estou falando de possibilidades. Posso até estar equivocado. Mas, eu estou aproveitando a situação para explicar a minha experiência a respeito do assunto. Porque maya vai tentar segurá-lo. E quanto maior a sua capacidade de amar e perdoar, mais ela vai querer te segurar.
Quero aproveitar o ensejo para que possamos mandar uma onda de amor para ela. Mesmo sem conhecê-la, o simples fato de, nesse momento, estarmos reunidos no coração, vibrando no amor, é possível direcionar essa energia para ela.
O amor é o solvente universal para todos os males. É o remédio para todas as feridas. Ela precisou ser internada porque no estado que ela estava, precisaria ser sedada, até para poder receber o amor. Um surto esquizofrênico é algo realmente muito profundo. É uma emergência espiritual; é o Ser querendo emergir. É um fenômeno natural do processo evolutivo quando não há interferências. Assim, há um modelo de tratamento.
Esse corpo, antes de se tornar um mestre espiritual, era um curador. Eu tive a chance de estudar profundamente a loucura. Eu tive a chance de fazer estágios em hospitais psiquiátricos, então eu pude aprender algumas coisas. Uma delas é essa: que existem episódios como esse que são uma emergência espiritual. O Ser quer acordar, mas a personalidade não está suficientemente madura, então há uma cisão, uma crise. Com isso, é preciso um grande trabalho para poder afinar aquele instrumento.
Se você está mexendo na panela e sabe que há um pouco mais de sal, você sabe o que fazer. Porém, quando você não sabe o que foi colocado naquela panela, fica difícil. Mas, para Deus tudo é possível; para o amor tudo é possível. Precisaremos de mais tempo, calma e paciência. Pouco a pouco vamos encontrando o caminho da cura.
Você compreende como a carência pode ser a principal arma de maya? É a carência que faz isso. Ela é que faz você sair à procura por tudo quanto é lado e fazer tantas misturas.
Ainda falando sobre o tema dos gurus e professores, eu quero deixar bem claro que não estou buscando discípulos. Eu sei que você precisa de um mestre, e precisa se entregar para ele, mas não estou fazendo propaganda de mim mesmo. Isso é contra a lei espiritual. O encontro com o guru é um caso de amor. Se você encontrou, fique ali. A busca não é mais para fora, é para dentro. Enquanto ainda não achou, você está nas mãos dos principais instrumentos de maya: sexo, poder e dinheiro. Todas as distrações vêm através disso. Não quer dizer que, depois de encontrar o guru, você não passará por tentações. Mas, o guru vai trabalhar para te ajudar a reconhecer a verdade.
Tudo é material de escola. Isso é uma aula do grande mistério. Não se preocupe, eu estou aqui.
Talvez o principal recado para esse ano de 2013 seja em relação à constância na sua prática espiritual, e atenção para não cair em distrações. Qualquer caminho que não seja o seu caminho é um mau caminho, por mais maravilhoso que seja.
Uma das coisas muito bonitas desse sangha é essa sincera disposição em cooperar. Já se formou um bom time para dar suporte para a moça que está no hospital.
Abençoado seja cada um de vocês. Que o discernimento seja iluminado. O discernimento que possibilita reconhecer o brilho do amor. Até o nosso próximo encontro.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Reminiscências de Swami Vivekananda (por Madame Emma Calvé)





Este artigo é a tradução de um artigo publicado na revista Prabhuddha Bharata em 1922. Madame Emma Calvé (1858-1942) foi uma das mais celebradas cantoras de ópera na França. Ela teve carreira internacional e se tornou mundialmente conhecida pela sua voz, extraordinária, presença de espírito e intensidade dramática)



Foi minha felicidade e minha alegria ter conhecido um homem que verdadeiramente “caminhava com Deus”, um ser nobre, um santo, um filósofo, e um verdadeiro amigo. Sua influência sobre minha vida espiritual foi profunda. Ele descortinou novos horizontes diante de mim, alargando e vivificando minhas ideias e ideais religiosos; ensinando-me um entendimento mais amplo da verdade. Minha alma tributará a ele minha eterna gratidão.
Esse homem extraordinário era um monge hindu da ordem da Vedanta. Ele era chamado de Swami Vivekananda, e era amplamente conhecido na America for seus ensinamentos religiosos. Ele estava proferindo palestras em Chicago num ano em que eu me encontrava lá; e como, naquela época, eu estava profundamente deprimida, tanto no corpo como na mente, eu decidi ir vê-lo, tendo visto o quanto ele havia ajudado alguns de meus amigos.
Uma entrevista foi marcada para mim; e quando eu cheguei em sua casa, fui imediatamente iniciada em seus estudos. Antes de ir, fui aconselhada a não falar a menos que ele se dirigisse a mim. Quando eu entrei na sala, portanto, eu permaneci diante dele em silêncio por um momento. Ele estava sentado numa nobre postura de meditação, sua vestimenta de cor ocre caindo em linhas retas até o chão, sua cabeça envolta em um turbante que se inclinava para a frente, seus olhos mirando o chão. Depois de uma breve pausa, ele falou sem levantar seu olhar.
“Minha filha”, ele disse, “que atmosfera problemática você traz consigo! Sinta-se calma! É essencial!”
Então, numa voz quieta, despreocupada e reservada, esse homem, que nem sequer sabia meu nome, falou-me sobre meus mais secretos problemas e ansiedades. Falou de coisas que eu imaginava serem desconhecidas até mesmo para meus mais próximos amigos. Parecia algo miraculoso, sobrenatural!“
Como você sabe tudo isso?” eu perguntei ao final. “Quem falou de mim para você?”
Ele olhou para mim com um calmo sorriso como se eu fosse uma criança que tivesse feito uma pergunta tola.
“Ninguém falou de você para mim,” ele respondeu gentilmente. “Você pensa que isso seria necessário?” Eu leio em você, como leio em um livro aberto.”
Finalmente, chegou minha hora de partir. 
“Você deve esquecer,” ele disse quando me levantava. “Torne-se alegre e feliz novamente. Fortaleça sua própria saúde. Não se debruce em silêncio sobre suas próprias tristezas. Transmute suas emoções em alguma forma de expressão externa. Sua saúde espiritual pede por isso. Sua arte exige isso.”
Eu o deixei, profundamente impressionada pelas suas palavras e sua personalidade. Parecia que ele havia esvaziado meu cérebro de todas as suas febris complexidades e colocado nele seus claros e serenos (calmantes) pensamentos.
Eu me tornei, mais uma vez, cheia de vida e alegria, graças ao efeito de sua poderosa vontade. Ele não usou, comigo, nenhum tipo comum de hipnotismo ou mesmerismo. Foi a força de seu caráter, a pureza e a intensidade de seu propósito, que carregavam convicção. Chegava a pensar, quando passei a conhecê-lo melhor, que ele embalava os pensamentos caóticos de alguém numa espécie de aquiescência pacífica, de forma que a pessoa pudesse dar completa e indivisa atenção à suas palavras.
Ele sempre falava em parábolas, respondendo nossas perguntas ou esclarecendo seus pontos por meio de uma analogia poética. Um dia, nós estávamos discutindo a questão da imortalidade e da sobrevivência das características individuais. Ele estava expondo sua crença na reencarnação, que era uma parte fundamental de seus ensinamentos.
“Eu não posso suportar essa ideia!” exclamei. “Eu me apego à minha individualidade, ainda que ela não tenha a menor importância! Eu não quero ser absorvida numa unidade eterna. Esse simples pensamento me aterroriza.”
“Um dia uma gota d’água caiu no vasto oceano,” o Swami respondeu. “Quando ela se viu ali, começou a chorar e a se queixar, da mesma forma que você está fazendo. O grande oceano riu da gota d’água. “Por que você chora?” perguntou. ‘Eu não entendo. Quando você se juntou a mim, você se juntou a todos os seus irmãos e irmãs, as outras gotas d’águas das quais sou feito. Você se tornou o próprio oceano. Se você quiser deixar-me, basta você subir por um raio de sol até as nuvens. De lá, você poderá descer novamente, uma pequena gota d’água, uma graça e uma bendição para a terra sedenta’”.
Com o Swami e alguns de seus amigos e seguidores eu segui numa memorável viagem, pela Turquia, Egito e Grécia. Nosso grupo incluía o Swami e o padre Hyacinthe Loyson e sua esposa, uma bostoniana; a senhorita MacLeod de Chicago, uma ardente seguidora de Swami, mulher charmosa e entusiasta; e eu, o pássaro cantor da troupe.
Que peregrinação! Ciência, filosofia e história não tinham segredos para o Swami. Eu era toda ouvidos para o sábio e erudito discurso que acontecia a minha volta. Eu não tentava juntar-me às suas discussões, mas eu cantava em todas as ocasiões, como era meu costume. Swami discutia todo tipo de questões com Padre Loyson, que era um erudito e um teólogo de reputação. Era interessante perceber que o Swami era capaz de dar o exato texto de um documento, a data de um Concílio da Igreja, quando o próprio Padre Loyson não tinha certeza.
Quando nos encontrávamos na Grécia, nos visitamos a cidade de Eleusis. Ele explicou para nós seus mistérios e nos conduziu, de altar em altar, de templo em templo, descrevendo as procissões que aconteciam em cada lugar, entoando as antigas orações, mostrando-nos os rituais sacerdotais.
Mais tarde, no Egito, numa inesquecível noite, ele nos conduziu novamente ao passado, falando-nos, com palavras tocantes, numa linguagem mística, sob a sombra de uma silenciosa esfinge. 
O Swami era sempre absorvente e interessante, mesmo sob condições normais. Ele fascinava seus ouvintes com sua linguagem mágica. Frequentemente, nós perdíamos nosso trem, sentados calmamente na sala de espera da estação, encantados com seu discurso e bastante esquecidos da questão do tempo. Mesmo a senhorita MacLeod, a mais sensata entre nós, esquecia-se da hora, e nós, consequentemente, nos encontrávamos distantes do nosso destino, nos locais e horários mais inconvenientes. 
Um dia, nós perdemos nosso caminho para o Cairo. Imagino que nós estávamos conversando muito atentamente. De qualquer maneira, nós chegamos a uma rua imunda e mal cheirosa, onde mulheres mal vestidas debruçavam-se nas janelas e se esparramavam nos degraus das casas.
Swami não percebeu nada até que uma um grupo ruidoso de mulheres, sentadas num banco, à sombra de um prédio dilapidado, começaram a rir e a chamar por ele. Uma das mulheres de nosso grupo tentou nos apressar, mas o Swami desligou-se gentilmente do nosso grupo e se aproximou do banco onde elas estavam sentadas.
“Pobres crianças!” ele disse. “Pobres criaturas! Colocaram sua divindade em sua beleza. Olhe para elas agora!”
Ele começou a chorar. As mulheres ficaram em silêncio, envergonhadas. Uma delas se inclinou diante dele e beijou a borda de seu manto, murmurando, de forma intermitente, em espanhol: “Hombre de Diós, hombre de Diós!” (Homem de Deus!). Uma outra, com um súbito gesto de modéstia e medo, voltou seus braços para seu rosto, como quem quisesse velar sua retraída alma diante daqueles olhos puros.
Essa maravilhosa viagem provou ser quase a última ocasião na qual eu pude ver Swami.  Logo em seguida, ele anunciou que estava para voltar para seu país. Ele sentia que seu fim estava se aproximando, e ele queria voltar para a comunidade da qual era diretor e na qual passou sua juventude.
Um ano depois, nós ouvimos a notícia de seu falecimento, depois de escrever o livro de sua vida, do qual nenhuma página foi destruída. Ele deixou o corpo no estado de samadhi, que significa, em sânscrito, morrer voluntariamente, pela vontade de deixar o corpo, sem qualquer acidente ou doença, dizendo para seus discípulos, “Eu morrerei em tal dia.”
Anos mais tarde, quando eu estava viajando pela Índia, eu quis visitar o monastério onde Swami tinha passado seus últimos dias. Sua mãe me levou até lá. Eu vi a bonita túmulo de mármore que uma de suas amigas americanas, a senhora Leggett, erigiu sobre sua sepultura. Eu notei que não havia nenhum nome sobre ele. Eu perguntei a seu irmão, que era um monge na mesma ordem, qual a razão dessa omissão. Ele olhou para mim com espanto, e com um nobre gesto, do qual me lembro até hoje. “Ele se foi”, respondeu.
Os vedantistas acreditam que eles preservaram, em sua simplicidade e pureza originais, os ensinamentos do hinduísmo. Eles não tem templos, fazem suas orações num simples oratório, sem nenhuma figura simbólica ou figuras para estimular sua piedade. Suas orações são todas dirigidas para um Deus Desconhecido.
“Ó, Tu que não tem nome! Ó, Tu a quem ninguém ousa dar um nome! Ó, Tu, o Grande Desconhecido!”, eles dizem em suas súplicas.
Swami ensinou-me um tido de oração respiratória. Ele costumava dizer que as forças da divindade, estando espalhadas por todos os lugares através do éter, podem ser recebidas pelo corpo através da inalação.
Os monges da irmandade do Swami nos receberam com uma simples e cordial hospitalidade. Eles nos ofereceram flores e frutas, montando para nós uma mesa no gramado, debaixo de uma benvinda sombra.
Aos nossos pés o poderoso Ganga fluía. Músicos tocavam para nós, em seus estranhos instrumentos, singulares canções de lamento em louvor ao Swami que partira. A tarde passou num espírito de calma e pacífica contemplação.
As horas que convivi com esses gentis filósofos permanecem em minha memória como um tempo separado. Esses seres, puros, bonitos, e remotos, pareciam pertencer a um outro universo, um mundo melhor e mais sábio.






sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

SABEDORIA DOS ANJOS - AMOR






com Sharon Taphorn
14 de Fevereiro de 2013

AME-SE

Hoje é um novo início e uma nova oportunidade de se amar e a sua vida ainda mais. Quanto mais você se ama, mais amor você vê ao seu redor. Tente ver o amor nas locais mais difíceis e você irá conhecer o amor incondicional. Veja o amor que um cão tem pelo seu companheiro humano, e você conhecerá o amor incondicional. Uma vez que tenha sentido este amor, você verá mais em sua vida e nos outros, ao seu redor.

Este é um momento de sucesso e assim valorize os momentos e as oportunidades que estão disponíveis a você e crie novos para si mesmo. A energia está propícia para criar e há muito mais por vir. Estimule e desenvolva as qualidades do amor, da abertura, da compaixão, da generosidade, da dedicação e da honra. Todas estas são virtudes dignas de sua grandeza.





Afirmação: 

“Quanto mais amor sinto por mim, 
mais amor eu vejo ao meu redor e em tudo o que eu faço.”

Você é ternamente amado e apoiado, sempre

Os Anjos



Jay Amor!
Lu Perez

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Os nove passos em direção ao Divino:





“Dêem um único passo em Minha direção e 
Eu darei cem até você” 




1. Ouvir a Glória e a Grandeza do Senhor – desenvolver o desejo de ouvir e falar sobre passagens divinas através das escrituras sagradas das Religiões, da vida de santos e sábios 
2. Cantar os Nomes do Senhor – praticar a repetição de Seu Nome (Namasmarana) visualizando-O na Forma escolhida. Cantar e cantar Seus Nomes através do Sat-sang proporcionado pelos Bhajans (canções devocionais) 
3. Recordar nossa Real Natureza Divina – Quem sou eu? desidentificação do indivíduo com o corpo e o mundo externo 
4. Serviço aos Seus Pés de Lótus – realizando o serviço desinteressado (mantendo uma atitude de completa servidão à Ele) 
5. Amizade com o Senhor – despertando o sentimento de proximidade com DEUS 
6. Entrega – desenvolvendo a compreensão de que tudo segue a Vontade DIVINA. Ofertando-se por inteiro a Ele, nosso Amado Ser Interno. 
7. Purificação da mente e controle dos sentidos – exercitando as disciplinas espirituais (Sadhanas). “Não se esqueçam jamais de que Meu Amor por vocês é como o Amor de mil Mães; Eu jamais os abandonarei, apenas peço que sigam com mais intensidade os Meus ditames de maneira que Graça possa fluir livremente” 
8. Direcionamento à mente Divina – praticar o divino exercício de visualizar o DIVINO em todos os seres. Contemplando Sua Glória que a tudo e a todos permeia 
9. União com o Senhor – Comunhão incessante com ELE - Pensar, Ver, Respirar, Sentir e Viver em DEUS, Viver por Deus, Viver para Deus 



“A vida é como uma escadaria em direção a Deus. Vocês põem o pé no primeiro degrau quando nascem e, a cada dia, um degrau deve ser galgado. Assim, sejam firmes, atentos e diligentes. Não contem os degraus que têm à frente nem exultem pelos degraus passados. Um passo de cada vez e bem dado é sucesso suficiente para satisfazê-los e dar-lhes coragem para o seguinte. Não escorreguem do degrau que já alcançaram. Cada degrau é uma vitória a ser acalentada; cada dia desperdiçado é uma derrota da qual devem se envergonhar. Devagar e sempre - que essa seja a sua máxima! Adotem uma rotina regular. Mantenham a disciplina da perseverança alicerçada pela Fé e pelo Amor a Deus” 


Bhagavan Sri Sathya Sai Baba 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

MUDANDO SEUS PADRÕES DE PENSAMENTOS




Mensagem dos Arcturianos
Canalização de Sandra M. Luz
10/02/2013



Saudações estelares, somos os arcturianos.
Saudamos todos vocês na frequência do amor e da luz.

Compartilharemos em seu tempo do agora algumas observações.

O processo do Plano Divino está sendo estabelecido com toda sua sincronicidade, ainda que muitos de vocês não se atenham a estas mudanças em suas vidas.

Pouco a pouco o despertar impulsiona vocês para novas experiências, e aqueles que trazem o observar dos sinais em conexão com seu EU SUPERIOR traz para seu EU INTERNO todas as respostas que necessitam, trazendo ao seu ser mais serenidade, equilíbrio e permitindo que o desfrutar de suas experiências se torne mais feliz.

Amados seres humanos, ha tantas coisas que gostaríamos de compartilhar, mas muitos de vocês caminham tendo em suas mentes que seus aprendizados devem ser solitários, quando na verdade podem receber um amparo em seus aprendizados.

Quando você observa de um local mais alto, seu horizonte se amplia e lhe capacita um olhar mais detalhado, mais profundo e mais seguro.

Por isto incentivamos vocês a vivenciarem suas jornadas fazendo a conexão com sua parte superior, pois assim terão uma clareza maior em cada aspecto que vivenciam.

Aprendemos a importância de estarmos atentos às nossas frequências e sabemos que isto nos equipara com uma proteção maior, e experimentamos o equilíbrio em nossas experiências de crescimento espiritual.

Sugerimos que tragam para suas vidas esta confiança de que podem contar com nossa ajuda, e que por isto não necessitam trazer para suas vidas a energia do medo, pois existe solução para as situações que estarão vivenciando neste planeta azul.

Num tempo anterior vocês não sabiam de nossas existências e nem tinham as informações que já receberam.

Vivenciavam a distância do Criador em suas vidas pelas informações distorcidas, manipuladoras, para que não pudessem experimentar seu poder interno através da conexão com a Fonte.

Tudo isto e muito mais está sendo disponibilizado a vocês para que caminhem mais felizes e confiantes.

Mas também seus despertares tem uma importante função de levar aos outros estas informações, e a melhor forma de convencê-los é mostrar que vivenciam o que estão falando a eles.

A partir do momento que incorporam em suas vidas as informações, aprendizados gravam em seus registros internos novas informações, que serão acessadas quando as situações surgirem diante de vocês.

Se vocês não usam as informações que receberam não mudam seus padrões de pensamentos, não se transformam e não evoluem.

Qual o valor de receber informações importantes e guardar em uma gaveta?

Tudo tem um propósito divino em suas vidas, portanto cada energia, informação que recebem, deverá ser usada para uma tarefa.

Observamos que muitos seres estão capacitados de muitas informações, mais ainda não vivenciam estas informações e se você não usa, você não acredita.

Trazemos a vocês as informações de que podem mudar seu mundo e as pessoas de seu mundo com sua mudança de pensamento, de atitude, de frequência e ainda sentimos a resistência em acreditar que podem fazer isto.

Usar da energia da crítica, do julgamento e da indução de outros a fazer o mesmo, só retarda as mudanças que vocês desejam que ocorram em suas vidas, na vida de outros e em seu mundo.

A mudança que vocês desejam não ocorrerá através da crítica e julgamento, mas do padrão elevado de pensamento e conduta de cada ser.

Ao resistirem em assumir o poder que foi confiado a vocês, não ajudam na transformação daqueles que esperam ser despertados por vocês.

E então, as mudanças se prolongam e suas realidades acabam sendo comprometidas em viver apenas de forma limitadora, quando podiam viver plenamente todos seus poderes e ensinar outros também a viver sua plenitude.

Quando estiverem diante de alguma situação, ou ser, traga a seu interior a seguinte pergunta:
O que devo fazer para este ser? O que devo aprender nesta situação?

E as respostas virão.

Aprendam a buscar as respostas dentro de vocês.
E se ainda não concordarem com as respostas que tiveram, busquem uma nova resposta.

Comecem a estimular estas respostas e com o tempo perceberão que elas sempre estiveram ali, dentro de vocês.

Mudem seus padrões de pensamento.
Você pode, você consegue!

Desejamos que nossas observações tragam mais felicidade e harmonia as suas vidas.

Somos os arcturianos e encerramos esta conexão na frequência do amor e da luz.


É permitido compartilhar esta mensagem em site e blog desde que seja respeitado o texto original e os créditos ao autor.
nososarcturianos.blogspot.com.br
sandramluz2011@gmail.com
http://www.facebook.com/metatronbrasil?ref=hl
http://www.facebook.com/groups/metatronbrasil/
Grata Sandra!


Shanti 
Lu

OM - Narayani e Setu /Eco-Fit






O Carvalho




Os zen-budistas acreditam que o carvalho é criado por duas forças ao mesmo tempo. Evidentemente, há a pinha onde tudo começa, a semente que contém toda a promessa e o potencial e que se transforma na árvore. Todo mundo pode ver isso. Mas são poucos os que conseguem reconhecer que existe outra força em ação aí também – a futura árvore em si, que quer tanto existir que faz a pinha nascer, usando seu desejo para fazer a semente brotar do nada, guiando a evolução da inexistência à maturidade. Pensando assim, dizem os zen-budistas, é o carvalho que cria a pinha da qual ele próprio nasceu.”  

Pense na pessoa que você é hoje... no que você se transformou, na vida que você vive neste exata momento, em todas as dificuldades e tropeços. Percebe o quanto você cresceu para chegar até aqui! A pergunta é: Foi você que fez tudo isso acontecer?

Lembre-se todos os dias dessa força em potencial que dentro de você está querendo emergir, se simplesmente aceitar essa natureza, verás que a semente em potencial transformou no carvalho cheio de força que é hoje.

Shanti
Lu Perez

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Iluminação



Por mais de trinta anos um mendigo ficou sentado no mesmo lugar, debaixo de uma marquise.

Até que um dia, uma conversa com um estranho mudou sua vida:

– Tem um trocadinho aí pra mim, moço? – murmurou, estendendo mecanicamente seu velho boné.

– Não, não tenho – disse o estranho – O que tem nesse baú debaixo de você? 

– Nada, isso aqui é só uma caixa velha. Já nem sei há quanto tempo sento em cima dela.

– Nunca olhou o que tem dentro? – perguntou o estranho.

– Não – respondeu. – Para quê? Não tem nada aqui, não! 

– Dá uma olhada dentro – insistiu o estranho, antes de ir embora.

O mendigo resolveu abrir a caixa.

Teve que fazer força para levantar a tampa e mal conseguiu acreditar ao ver que o velho caixote estava cheio de ouro.

Eu sou o estranho sem nada para dar, que está lhe dizendo para olhar para dentro.
Não de uma caixa, mas sim de você mesmo.

Imagino que você esteja pensando indignado: “Mas eu não sou, um mendigo!”

Infelizmente, todos que ainda não encontraram a verdadeira riqueza – a radiante alegria do Ser e uma paz inabalável – são mendigos, mesmo que possuam bens e riqueza material.

Buscam, do lado de fora, migalhas de prazer, aprovação, segurança ou amor, embora tenham um tesouro guardado dentro de si, que não só contém tudo isso, como é infinitamente maior do que qualquer coisa oferecida pelo mundo.

A palavra iluminação transmite a idéia de uma conquista sobre-humana – e isso agrada ao ego –, mas é simplesmente o estado natural de sentir-se em unidade com o Ser. É um estado de conexão com algo imensurável e indestrutível.

Pode parecer um paradoxo, mas esse “algo” é essencialmente você e, ao mesmo tempo, é muito maior do que você.

A iluminação consiste em encontrar a verdadeira natureza por trás do nome e da forma.

A incapacidade de sentir essa conexão dá origem a uma ilusão de separação, tanto de você mesmo quanto do mundo ao redor.

Quando você se percebe, consciente ou inconscientemente, como um fragmento isolado, o medo e os conflitos internos e externos tomam conta da sua vida.

Adoro a definição simples de Buda para a iluminação: “É o fim do sofrimento”.

Não há nada de sobre-humano nisso, não é mesmo?
Claro que não é uma definição completa.
Ela apenas nos diz o que a iluminação não é: não é sofrimento.

Mas o que resta quando não há mais sofrimento?

Buda silencia a respeito, e esse silêncio implica que teremos de encontrar a resposta por nós mesmos.

Como ele emprega uma definição negativa, a mente não consegue entendê-la como uma crença, ou como uma conquista sobre-humana, um objetivo difícil de alcançar.

Apesar disso, a maioria dos budistas ainda acredita que a iluminação é algo apenas para Buda e não para eles próprios, pelo menos, não nesta vida.



ECKHART TOLLE



E vc o que acredita?
Shanti
Lu Perez